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A personagem Mia acredita que a mão embalsamada permite o contato com o espírito de sua mãe
A personagem Mia acredita que a mão embalsamada permite o contato com o espírito de sua mãe| Foto: Reprodução YouTube

Uma mãozinha decepada com vida própria não é novidade para quem aprecia o universo dos filmes de horror. No segundo Evil Dead (1987), também conhecido como A Morte do Demônio ou Uma Noite Alucinante, o diretor Sam Raimi atingiu o ápice do “terrir” com a mão rebelada e possuída do protagonista Ash, que mesmo após ser amputada segue o infernizando pela cabana onde a ação se passa. Isso para não voltar em A Família Addams e falar da mãozinha que hoje é fiel escudeira de Wandinha na série da Netflix. Em Fale Comigo, que estreou nos cinemas brasileiros no dia 17, a mão embalsamada só ganha vida quando alguém a aperta. E quando a pessoa errada a aperta, a brincadeira sai do controle.

O papo aqui é sobre o filme de terror mais elogiado de 2023. Diretores consagrados como Peter Jackson, Steven Spielberg e Jordan Peele, além do autor que sabe tudo sobre suspense, Stephen King, estão babando pela obra dos estreantes australianos Danny e Michael Philippou. Os irmãos de 30 e 31 anos só eram conhecidos por comandarem um canal de YouTube antes dessa aterrisagem nas salas de cinemas. E ela está sendo retumbante. Mesmo sem ter um número final de quanto Fale Comigo arrecadará nas bilheterias, o estúdio queridinho do momento, A24, já anunciou que o longa terá parte 2. Só já não está em produção agora por conta da bendita greve dos atores e roteiristas em curso.

Fale Comigo não crava qual a origem da mão embalsamada (talvez a continuação revele isso), só especula que ela pode ter pertencido a um vidente ou a um satanista, até cair na mão de jovens entediados que a utilizam para ter contatos frívolos com o sobrenatural. As patotas se reúnem em festinhas, colocam a mão na mesa, acendem uma vela e recrutam voluntários para apertá-la e dizer “Fale comigo. Eu deixo você entrar”. Aí um espírito possui a cobaia por 90 segundos, todos gargalham e filmam com seus celulares as expressões do endemoniado da vez, até que o ritual cessa e outro aventureiro se candidata para participar da diversão coletiva.

E é óbvio que chega a hora em que alguém não consegue sair do transe. No caso, é o rapazinho Riley, que por ser menor de idade não deveria nem chegar perto de um rolê desse tipo. Mas, num convescote caseiro, ao lado de uma irmã leniente (Jade), o garoto consegue tocar a mão e então sofre uma violência descomunal durante a possessão. Mia, a melhor amiga da irmã, leva a culpa pelo ocorrido, pois sente que o espírito que encarnou em Riley é o de sua falecida mamãe. Por conta dessa percepção, ela alonga uma experiência que deveria ser breve, em busca de respostas para a nebulosa morte de sua progenitora.

O filme se desenvolve com Mia perseguindo essas respostas e voltando a recorrer à mão, enquanto Riley convalesce desfigurado e ainda possuído numa cama de hospital. Os diretores novatos conduzem muito bem a trama, sem apelar para desfecho redentor ou seguir qualquer tendência atual de filmes desse gênero. É de se esperar que com todo esse ímpeto já demonstrado e com o apoio de estrelas da sétima arte, eles retornem com um segundo Fale Comigo ainda mais impressionante e livre de amarras. Por ora, fica a recomendação para quem ainda não chegou perto da mãozinha. Fale com ela. Deixe-a entrar.

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