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O período compreendido entre o fim dos anos 1960 e a primeira metade dos anos 1970 foi espetacular para o cinema norte-americano. A Nova Hollywood de Coppola, Scorsese, Bogdanovich, De Palma e Friedkin estava bombando, e filmes como O Poderoso Chefão, Taxi Driver – Motorista de Táxi e Operação França fizeram imenso sucesso e caíram nas graças de um público jovem que estava um tanto cansado da caretice do “cinemão” hollywoodiano da época.
Nesse período foram lançados vários thrillers envolvendo conspirações governamentais e tramas sobre misteriosas corporações. Foi a chamada era do Cinema da Paranoia, que rendeu títulos como O Segundo Rosto (1966), de John Frankenheimer, A Conversação (1974), de Francis Ford Coppola, e três grandes filmes dirigidos por Alan J. Pakula: Klute, o Passado Condena (1971), A Trama (1974) e Todos os Homens do Presidente (1976).
Entendendo um pouco sobre a história americana, dá para sacar por que esses filmes surgiram quase na mesma época. O período compreendido entre o assassinato do presidente dos Estados Unidos, John Kennedy, em 1963, e a queda do presidente Richard Nixon, em 1974, foi fascinante. Nesse tempo, Malcolm X, Robert Kennedy e Martin Luther King foram assassinados, e a Guerra do Vietnã mostrou ao povo a manipulação e as mentiras perpetradas pelo governo.
Os cineastas entraram na onda, lançando uma série de filmes que mostravam o governo como inimigo do povo e da liberdade. Era um cinema bem mais pessimista do que os filmes patrióticos e anticomunistas dos anos 1950, inspirados pela Guerra Fria e pela briga contra a União Soviética.
Não foi só nos Estados Unidos que esse subgênero fez sucesso: diretores europeus como Bertolucci (O Conformista), Francesco Rosi (Cadáveres Ilustres) e até Wim Wenders (no noir paranóico O Amigo Americano) experimentaram com o gênero. E o grego Costa-Gavras construiu uma carreira baseado nele, fazendo filmes como Z e Estado de Sítio.
Perseguição alucinada
Um dos grandes filmes dessa era está completando 50 anos: Três Dias do Condor, de Sidney Pollack. Robert Redford, um dos maiores astros do período, faz Joe Turner, um analista da CIA, de codinome Condor, que trabalha no meio de Nova York, numa agência disfarçada de clube literário. Um dia, ele sai para almoçar e, ao retornar, descobre todos os colegas de trabalho assassinados. Isso dá início a uma perseguição alucinada pela cidade, na qual Condor acaba se escondendo na casa de uma mulher que encontra por acaso. Essa personagem é vivida por Faye Dunaway, uma das atrizes mais famosas do período, tendo atuado em filmaços como Chinatown, de Roman Polanski, e Rede de Intrigas, de Sidney Lumet.

Quando dirigiu Três Dias do Condor, Sidney Pollack tinha 41 anos e um currículo de oito filmes, incluindo o imenso sucesso Nosso Amor de Ontem (1973), um drama com Barbra Streisand e Robert Redford. Mas seu filme mais surpreendente até então havia sido A Noite dos Desesperados (1969), estrelado por Jane Fonda, um extraordinário drama passado na época da Grande Depressão, nos anos 1930, sobre um concurso de dança em que participantes precisavam dançar até cair de exaustão. É uma das joias pouco lembradas da época da Nova Hollywood.
Três Dias do Condor não fica atrás: funciona bem como thriller de espionagem e mistério, com uma trama envolvente e um clima tenso. Um dos grandes filmes de uma época dourada do cinema dos Estados Unidos.
- Três Dias do Condor
- 1975
- 117 minutos
- Indicado para maiores de 14 anos
- Disponível para locação e compra no Google Play, Apple TV e Amazon
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