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Christopher Reeve

Por que os filmes do “Superman” dos anos 70 e 80 jamais serão superados

Christopher Reeve foi o primeiro ator a encarnar o Super-Homem nas telas de cinema
Christopher Reeve consolidou a imagem do Super-Homem nas telas de cinema (Foto: Divulgação/Warner)

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Quando o diretor Richard Donner levou às telas Superman – O Filme, em 1978, o mundo assistiu, pela primeira vez, a um herói dos quadrinhos ganhar vida com grandeza cinematográfica. Com Christopher Reeve vestindo a roupa do Homem de Aço, não era apenas a estreia de uma franquia, mas o nascimento de um marco cultural.  

Quase meio século depois, mesmo com reboots, efeitos digitais e novos intérpretes como Henry Cavill e, agora, David Corenswet, nenhum filme do super-herói do planeta Krypton conseguiu o mesmo destaque. Mas por quê? A resposta está no tempo, na sociedade e no simbolismo que Reeve encarnou. 

O nascimento como blockbuster

Superman surgiu em 1978 na esteira de Tubarão, lançado em 1975, e Guerra nas Estrelas, de 1977. As duas obras definiram o conceito moderno de blockbuster: produções de grande apelo popular, alto investimento em marketing e distribuição em massa, com estreia simultânea em centenas de salas de cinema. Ou seja, o fator novidade, que acompanhou o primeiro filme, há quase cinquenta anos, jamais pôde ser reproduzido.   

Emoção acima dos efeitos: o poder da fantasia

Richard Donner não queria apenas entreter, mas convencer o público de que "um homem podia voar". Para isso, o filme investiu numa narrativa épica, com trilha sonora de John Williams, autor de diversos clássicos para o cinema, roteiro com humor, drama e romance, e um ator principal que combinava carisma e inocência. E como a tecnologia era limitada, os efeitos especiais eram práticos, e isso forçava a narrativa a se apoiar mais em emoções do que em explosões. Era um cinema que confiava na interpretação, não na saturação visual. 

Margot Kidder, como Lois Lane, e Reeve: personagens humanos. Divulgação/Warner (Foto: Divulgação/Warner)

Christopher Reeve e a humanidade do herói

O ator novaiorquino não apenas interpretou Clark Kent e Superman. Ele se tornou essas personas. Diferentemente de outros atores que viriam depois, Reeve não era um astro em ascensão tentando se encaixar em um ícone pop. Mas um ator clássico, quase shakespeariano. Sua atuação transcendeu o uniforme: fez o espectador acreditar que Superman poderia ser real e humano. Nenhum outro, nem mesmo Henry Cavill, com toda sua imponência física, conseguiu traduzir a leveza e o senso de missão do Superman com tamanha naturalidade. 

Um tempo sem cinismo digital

Na virada dos anos 70 para os 80, não existiam redes sociais, nem fóruns de teorias, nem fandons tóxicos. O público ia ao cinema para se maravilhar, não para caçar incoerências. Superman – O Filme encontrou uma audiência livre de multiversos, e isso deu à obra um caráter mítico. O herói era símbolo de esperança pura, não um instrumento de debates ideológicos. 

Hoje, qualquer novo Superman chega carregado de pressões políticas, comparações automáticas e expectativas de bilheteria global. Não há mais inocência. E sem inocência, Superman perde parte de sua essência. 

As tentativas (fracassadas) de substituir Reeve

Desde o final da era Reeve, Hollywood tenta encontrar um novo Superman à altura. Brandon Routh, em Superman – O Retorno (2006), tentou emular o estilo clássico, mas o filme sofreu com falta de ousadia. Henry Cavill, a partir de O Homem de Aço (2013), trouxe um herói mais sombrio, mas foi engolido por uma DC dividida e sem direção. E agora, em 2025, David Corenswet estreia em Superman: Legacy, sob direção de James Gunn, com a missão de modernizar e suavizar a figura do herói. Corenswet tem o rosto clássico e o figurino vibrante, mas a alma do personagem — forjada em um tempo em que se acreditava no impossível — talvez já não caiba mais em nossas rotinas aceleradas. 

Cavil, um Superman cheio de músculos. Divulgação/Warner (Foto: Divulgação/Warner)

Gerações unidas pela tela grande 

Os filmes com Christopher Reeve são de uma era que não volta. Eram obras feitas com amor ao personagem, num tempo em que os heróis serviam para inspirar, não dividir. Mais do que cinema, eram testemunhos de uma crença coletiva em algo maior, em símbolos que uniam gerações diante da tela grande. 

Enquanto as novas versões tentam equilibrar identidade, política e espetáculo, o Superman de Reeve apenas existia — com capa esvoaçante, sorriso gentil e o ideal puro de justiça. E por isso, mesmo com todo o avanço técnico e narrativo das décadas seguintes, o legado da série inicial do personagem nos cinemas permanece intocável. 

Do I ao IV: conheça os enredos

No primeiro filme, Superman: O Filme (1978), é contada a origem do herói: de Krypton à Terra, onde Clark Kent se torna o protetor de Metrópolis e enfrenta Lex Luthor.

Em Superman II (1980), ele abre mão dos poderes por amor a Lois Lane, mas precisa recuperá-los para enfrentar três vilões kryptonianos.

Superman III (1983) mistura comédia e drama, mostrando um Clark dividido entre o bem e o mal após contato com kryptonita corrompida.

Superman IV: Em Busca da Paz (1987) aborda a corrida armamentista, com Superman tentando eliminar armas nucleares e enfrentando o vilão Homem Nuclear.

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