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Em Task: Unidade Especial, o roteirista Brad Ingelsby retorna à Filadélfia operária e marginalizada que retratou na minissérie Mare of Easttown. Desta vez, ele faz isso por meio de Tom Brandis (Mark Ruffalo), um ex-padre que se torna agente do FBI, e Robbie Prendergast (Tom Pelphrey), um ex-coletor de lixo que se torna assaltante de bocas de fumo. Alcoólatra, viúvo e atormentado por dramas familiares, Brandis lidera uma operação com uma equipe de desajustados para caçar Prendergast, que, obcecado em escapar do buraco em que vive com seus filhos, acaba cavando a própria sepultura.
Embora a trama de suspense não seja negligenciada, ela não é o aspecto mais importante dessa série da HBO Max. Desde o início, somos informados sobre quem comete cada crime, para que o espectador não se distraia do tema central de Task: Unidade Especial: quão tortuoso é o caminho do mal e quão custosa pode ser a redenção.
O maior defeito da série é a superabundância de sofrimento material e moral. Enquanto Mare of Easttown usava humor e momentos de ternura para aliviar a carga, Task: Unidade Especial opta pela estética: oferece apenas um respiro por meio de uma cinematografia contemplativa da natureza, o que nem sempre é suficiente. Além disso, o fato de vermos apenas as feridas de alguns personagens secundários parece reforçar a ideia de que todos ali sofrem, profunda e constantemente.
Grandes questões existenciais
A angústia aumenta à medida que a série avança e os personagens se veem cada vez mais encurralados por suas decisões. Se o espectador não termina completamente sufocado, é porque Ingelsby abre pequenos vislumbres de esperança em meio ao seu hiper-realismo. Nesse sentido, Maeve (Emilia Jones), sobrinha de Prendergast, é essencial, tornando-se a maior âncora emocional do espectador.
Onde Task: Unidade Especial realmente brilha é na sua exploração de temas profundos. Mais do que uma perseguição policial, a série é uma constante enxurrada de perguntas sobre o mal, o perdão, a fé, a família e a possibilidade de recomeçar quando as feridas se tornam parte de nós. O roteiro é notável, demonstrando um cuidado admirável ao entrelaçar essas grandes questões existenciais nos diálogos de forma impecável.

Com uma cenografia que reflete cada conflito interno – a casa dilapidada como um refúgio precário, as paisagens como uma miragem de consolo, as ruas cinzentas de uma Filadélfia que precisa redescobrir sua fé – Task: Unidade Especial se destaca como um drama exigente, às vezes austero, mas sempre sincero. Ingelsby demonstra que a dádiva ainda pode emergir das margens.
© 2025 Aceprensa. Publicado com permissão. Original em espanhol.
- Task: Unidade Especial
- 2025
- 7 episódios
- Indicado para maiores de 16 anos
- Disponível na HBO Max
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