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Lançado em abril de 2025 e disponibilizado agora no streaming, Tempo de Guerra é uma incursão direta no front: um filme que expõe a brutalidade do conflito com rigor quase documental, sem concessões ou reflexões. Quem assiste parece estar diante de um reality show.
Dirigido por Alex Garland e Ray Mendoza — este último veterano da própria missão retratada na tela —, o longa acompanha um grupo de soldados americanos sitiados em Ramadi, no Iraque, durante uma operação real ocorrida em novembro de 2006. É uma das produções mais cruas do gênero em anos e, por isso, pode ser considerada uma das melhores dos últimos tempos.
Ray Mendoza, ex-integrante dos Navy SEALs, viveu os eventos narrados no filme. Junto a Garland, ele transformou lembranças, relatos de companheiros e registros oficiais em uma narrativa em que nada remete à fantasia: cada cena nasce de experiências concretas, traduzidas em tela com a autenticidade e litros de sangue derramados.
Sem repetição de fórmulas
Durante uma operação de vigilância, um pelotão de elite ocupa uma casa civil habitada por famílias iraquianas. Os moradores são isolados em um cômodo, e a missão, que deveria ser temporária, rapidamente se descontrola. O grupo é cercado por insurgentes e surpreendido por um ataque. A tensão cresce com o passar das horas e o filme retrata o avanço do medo e da confusão.
Tempo de Guerra não se encaixa nas fórmulas de cinema de ação e guerra mais recentes. Desde os minutos iniciais, o espectador é jogado dentro da missão. Não há trilha sonora, nem cenas que glorificam o combate. O que guia a narrativa é o som: respirações contidas, os estampidos de disparos e a reverberação de explosões.
Com câmera inquieta e plano fechado, o filme captura a claustrofobia do ambiente. A movimentação dentro do espaço limitado da casa e o foco constante nas reações físicas criam uma atmosfera de pânico incomparável. A estética visual acompanha essa proposta com eficiência: sem filtros e sem retoques.
Foco no coletivo, sem heroísmo
A escolha de elenco, que inclui nomes desconhecidos do grande público, reforça o caráter coletivo da história e é outro trunfo. Não há espaço para o “grande herói”, tampouco para dramas pessoais. Os personagens agem como unidade — obedecem a ordens, protegem uns aos outros, vivem (e morrem) como parte de um grupo que luta pela sobrevivência.
A abordagem, que foge dos arcos tradicionais de protagonismo individual, pode ser considerada um retrato fiel da lógica militar.

Tempo de Guerra oferece ainda uma raridade nos dias de hoje: um filme sobre conflitos que não se rende a panfletos ideológicos. A obra mostra, com realismo, o cotidiano de soldados que cumprem ordens e enfrentam consequências. Muitas vezes sem compreender os interesses por trás da missão.
Crítica especializada e recepção calorosa
A resposta da crítica especializada e do público reforça o impacto do filme. Com 93% de aprovação no Rotten Tomatoes, Tempo de Guerra foi amplamente elogiado pelos cinéfilos pela sua abordagem tensa, econômica e tecnicamente primorosa. Muitos críticos o consideraram uma das mais imersivas experiências cinematográficas de guerra desde O Resgate do Soldado Ryan.
Há quem aponte a recusa da produção em discutir as causas e consequências da guerra justamente como uma limitação. Mas, ao não trazer longas falas sobre patriotismo, geopolítica ou ideologia, o filme acaba sendo ainda mais honesto.
- Tempo de Guerra
- 2025
- 95 minutos
- Indicado para maiores de 16 anos
- Disponível no Prime Video e para locação e compra no Apple TV+
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