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Uma das melhores séries de comédia de todos os tempos, The Office ganhou nova versão, lançada este mês e disponível na HBO Max. De Greg Daniels, mesmo criador da produção americana, The Paper explora em dez episódios a rotina caótica de uma redação de jornal numa cidadezinha qualquer do interior dos Estados Unidos.
E é bom deixar claro logo. Não, The Paper não se compara a The Office. Não é melhor que a versão original, britânica, estrelada por Ricky Gervais. E também não é melhor que a produção americana, que explodiu mundialmente, com Steve Carrell na pele de Michael Scott, o chefe inconveniente de um escritório de uma fábrica de papel.
O que não quer dizer que The Paper não possa servir como uma boa diversão, em tempos de tanta oferta de produções no streaming, mas poucos títulos que realmente convençam. O Jornal, na tradução para o português, também imita a gravação de um documentário, mas tenta, e consegue, buscar um estilo próprio, sem apelar à nostalgia.
A ideia central é retratar o declínio de uma redação de jornal. A equipe que antes filmava o ambiente da empresa Dunder Mifflin, agora volta sua lente para o jornal Truth Teller. Baseada em Toledo, no estado de Ohio, a empresa de mídia busca se reinventar em meio à crise da imprensa local e os dilemas impostos pelo mundo digital.
Logo nos primeiros episódios, The Paper investe no humor constrangido que consagrou The Office. Os personagens são estereótipos do universo jornalístico: o editor otimista, a subeditora resistente, o repórter ambicioso, entre outros. Uma das figuras da versão americana da série, o contador Oscar Nuñez, reaparece na renovação da trama.
Desgaste da imprensa tradicional
É inevitável notar semelhanças aos personagens que marcaram o The Office americano, como Michael, Jim, Pam e Dwight, mas nada que comprometa a nova identidade. O principal trunfo de The Paper está em explorar, com alguma leveza, o desgaste da imprensa tradicional, fenômeno que ocorre em nível global.
Assim, assistimos ao drama dos cortes de orçamento, demissões, repórteres improvisados e, principalmente, aos conflitos éticos entre o impulso sensacionalista pela audiência e a preservação do conteúdo. A simplicidade com que esse cenário é retratado, sem uma caricatura exagerada, torna o seriado cômico sem soar panfletário.

Comparada à versão britânica de The Office, The Paper se distancia do humor cortante daquele modelo. É também mais contida do que a versão americana, que investia no politicamente incorreto e no absurdo para garantir risadas. Sinal dos novos tempos, a versão mais moderna não quer chocar, mas criar uma empatia pela história.
The Paper se destaca como uma releitura interessante em tempos de redes sociais e “copiar-colar” de notícias, clickbait, processos de verificação e as pressões sociais e políticas. Se The Office retratou a banalidade de um escritório de vendas de papel, The Paper explora com graça os bastidores do jornalismo.
- The Paper
- 2025
- 10 episódios
- Indicado para maiores de 14 anos
- Disponível na HBO Max
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