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Os personagens Werner e Marie-Laure em “Toda a Luz que Não Podemos Ver”
Os personagens Werner e Marie-Laure em “Toda a Luz que Não Podemos Ver”| Foto: Netflix/Divulgação

Por mais complexas que sejam, guerras sempre possuem ao menos dois lados sofrendo com a situação. Algo do tipo é relatado de maneira sensível em Toda a Luz que Não Podemos Ver, lançamento da Netflix, ambientado na Segunda Guerra Mundial. A minissérie é baseada no best-seller de mesmo nome do autor americano Anthony Doerr, que levou uma década para concluir o livro.

Nos quatro episódios, os opostos nesse cenário de dor são  representados pelos personagens principais Werner e Marie-Laure, um alemão e uma francesa. Os jovens têm passados turbulentos e uma  grande paixão pelo rádio, o que acaba os unindo. Enquanto o órfão Werner foi obrigado a integrar o exército nazista, Marie-Laure ficou cega quando era criança e teve de aprender a se virar após o desaparecimento de seu pai, Daniel. Ainda que essas duas figuras pareçam desafortunadas em um primeiro momento, elas simbolizam a importância de se acreditar num futuro melhor em períodos hostis.

Com idas e vindas no tempo, a série deliberadamente alonga algumas passagens, pois seu principal objetivo é trazer profundidade ao par em tela. O rádio também é um elemento central e bem explorado na história, mostrando a importância que a ferramenta tinha tanto para os soldados de Hitler quanto para quem queria derrotá-lo com a ajuda de transmissões ilegais.

Para ganhar tração e não se pautar apenas na vida e admiração mútua dos protagonistas, Toda a Luz que Não Podemos Ver coloca como pano de fundo uma pedra preciosa chamada “mar de chamas”. Segundo uma rápida explicação de Daniel, existe uma lenda sobre o artefato, afirmando que a pessoa que segurá-lo conseguirá ter vida eterna, porém, com o custo de  levar azar aos membros da família.

A ideia, com tons de fantasia, é baseada em fatos reais. Doerr, o autor do livro, afirma que “o item mais próximo do mar de chamas existe no Museu Britânico de História Natural. É uma safira que as pessoas acreditam estar amaldiçoada há muito tempo”. A inserção do item na história também serve para relembrar o espectador do fascínio que os nazistas tinham por objetos supostamente mágicos – para quem já viu qualquer filme da saga Indiana Jones, isso não será novidade.

Esperança em tempos sombrios 

Os capítulos se desenrolam com fugas, explosões, a busca nazista pela pedra preciosa e o interesse de Werner em encontrar Marie-Laure, uma vez que ambos são fascinados pelos mesmos tópicos. A união só ocorre no final, então o espectador precisa ter um pouco de paciência, principalmente considerando que em alguns momentos o ritmo de Toda a Luz que Não Podemos Ver fica mais arrastado.

Apesar disso, toda a ambientação da série é muito bem-feita, e a França destruída pelos bombardeios de Hitler convence totalmente. Outra característica positiva é o fato do roteiro ser baseado em algo bastante familiar e que traz uma mensagem de esperança para tempos sombrios  como os que vivemos hoje, vide os conflitos atuais entre Rússia e Ucrânia e Israel e Hamas.

Em tempo, vale dizer que quem leu o livro ganhador do Pulitzer de Ficção em 2015 pode se decepcionar. O final é diferente e algumas questões importantes passam batido, como a origem da cegueira de Marie-Laure, que na obra de Doerr é vítima de catarata.

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