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Todos os Homens do Presidente
Dustin Hoffman e Robert Redford estrelam o filme de 1976 sobre o Caso Watergate| Foto: Divulgação

Em 17 de junho de 1972, cinco homens foram presos durante a madrugada, invadindo a sede do Partido Democrata, em Washington, DC. Foi o estopim para um dos escândalos políticos mais devastadores dos Estados Unidos, revelando atividades clandestinas como a instalação de escutas telefônicas nos escritórios de deputados e senadores. O episódio, conhecido como Caso Watergate, foi amplamente divulgado pela imprensa americana, mas os repórteres Carl Bernstein e Bob Woodward, do The Washington Post, decidiram mergulhar nas investigações que iriam desvendar uma conspiração promovida pelo Partido Republicano com o objetivo de assediar e sabotar os Democratas.

A cada nova reportagem, Bernstein e Woodward publicavam informações reveladoras de um informante conhecido apenas como "Garganta Profunda" (na verdade, Mark Felt, diretor do FBI, como seria revelado anos mais tarde). Cada nova informação ligava os cinco homens presos diretamente à Casa Branca e, consequentemente, o cerco se fechava contra o presidente Richard Nixon, que logo não teria outra alternativa senão a renúncia do cargo – o primeiro e único na história americana.

Coisa bastante comum nos Estados Unidos, a série de reportagens assinadas por Carl Bernstein e Bob Woodward acabou tornando-se livro e, não muito depois, virou filme. Não um qualquer, mas um clássico do gênero: Todos os Homens do Presidente, atualmente disponível no catálogo do HBO Max. Próximo de completar 50 anos de seu lançamento, o longa-metragem ainda é analisado e cultuado. Graças, principalmente, à excepcional direção de Alan J. Pakula, meticuloso em traduzir o robusto conteúdo do livro roteirizado por William Goldman. Na tela, vemos uma série de sequências não raras, sombrias e silenciosas, mas também por vezes frenéticas e sufocantes.

O filme chegou aos cinemas em 1976, quando o trabalho jornalístico ainda justificava o apelido de “Quarto Poder” – aquele que, apesar de sua capacidade de influenciar no pensamento crítico, não deixava o leitor em dúvida sobre qualquer viés ideológico ou partidário. Tratava-se de um escândalo envolvendo o presidente dos Estados Unidos e esse deveria ser esclarecido diante da opinião pública. Perceba que o personagem de Woodward (Robert Redford) revela-se republicano, o que deixa o companheiro Bernstein (Dustin Hoffman) ligeiramente atordoado, mas isso é o que menos importa no trabalho que ambos devem concluir.

Nesse sentido, o filme também se tornou imediatamente um grande exemplo do bom jornalismo – investigativo e ético. E numa época em que não existiam computadores, celulares e muito menos Google. Tudo era na base do caderninho de anotações, longas entrevistas, fontes secretas, telefone público e, claro, a boa e velha máquina de escrever cujo barulho das teclas ecoavam pelos corredores das redações. Para quem viveu o momento, são detalhes assim que também tornam o filme poético.

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