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Três Estranhos Idênticos

Filme da Netflix revela experimento científico sombrio com trigêmeos nos EUA

"Três Estranhos Idênticos" mergulha em zonas sombrias da pesquisa científica
Filme da Netflix mergulha em zonas sombrias da pesquisa científica (Foto: Divulgação/Netflix)

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O documentário Três Estranhos Idênticos, dirigido por Tim Wardle e disponível na Netlix, começa como um conto de fadas improvável: três jovens idênticos, separados ao nascer, se reencontram por acaso e descobrem que são trigêmeos. A história parece feita sob medida para emocionar, mas logo a narrativa muda radicalmente. A alegria do reencontro dá lugar a um mergulho em zonas sombrias da pesquisa científica.

O caso veio à tona em 1980, quando Bobby Shafran chegou ao primeiro dia de faculdade e foi cumprimentado por pessoas que juravam conhecê-lo. Pouco depois, conheceu Eddy Galland e, juntos, eles descobriram que eram irmãos. A surpresa aumentou quando David Kellman entrou em cena, fechando o trio. A imprensa se encantou com a história, transformando os trigêmeos em celebridades instantâneas. Os três passaram a participar de programas de TV, estamparam capas de revistas e ganharam até oportunidades comerciais.

Um segredo perturbador

Por trás do espetáculo midiático, porém, estava um segredo perturbador. Os três irmãos haviam sido separados de propósito, como parte de um experimento conduzido pelo psiquiatra Peter Neubauer e sua equipe. O objetivo era estudar os efeitos do ambiente na formação da personalidade, distribuindo os trigêmeos em lares com diferentes perfis socioeconômicos. As famílias nunca foram informadas que as crianças tinham irmãos biológicos, muito menos que faziam parte de uma pesquisa de longo prazo.

Três Estranhos IdênticosO que parecia um conto de fadas vira um drama bizarro em Três Estranhos Idênticos (Foto: Divulgação/Netflix)

Três Estranhos Idênticos alterna imagens de arquivo, entrevistas e reconstituições para conduzir o espectador de um enredo de reencontro caloroso para um drama de manipulação. O documentário passa a levantar perguntas sobre até onde a ciência pode ir em nome do conhecimento. E sobre qual o preço humano dessas escolhas.

A produção expõe o experimento como um capítulo sombrio da pesquisa em psicologia, lembrando que os dados completos do estudo permanecem lacrados até 2065 na Universidade de Yale. Três Estranhos Idênticos não entrega respostas fáceis, mas deixa claro o impacto emocional e psicológico que a separação e a manipulação tiveram nos irmãos, consequências que atravessaram décadas e terminaram de forma trágica.

Repercussão imediata

A repercussão do documentário foi imediata quando do lançamento, em 2018. Três Estranhos Idênticos venceu o Prêmio Especial do Júri no Festival de Sundance e foi aclamado pela crítica. O caso também inspirou outras produções e reportagens, como o documentário The Twinning Reaction (2017), programas especiais da TV americana e livros de memórias de outros irmãos separados em circunstâncias semelhantes. Recentemente, a rede inglesa BBC produziu um podcast sobre o assunto.

Mais do que recontar um escândalo, Três Estranhos Idênticos provoca um debate sobre ética na ciência, privacidade e dignidade humana. O que começa como uma história de reencontro transforma-se em um alerta sobre os riscos de desumanizar indivíduos em nome de hipóteses acadêmicas.

  • Três Estranhos Idênticos
  • 2018
  • 96 minutos
  • Indicado para maiores de 14 anos
  • Disponível na Netflix

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