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Trump, Charlie Kirk, Labubu e ChatGPT: os alvos da 27ª temporada de “South Park”

Cartman está preocupado com o fim da onda woke pois ela era sua principal fonte de gargalhadas em "South Park"
Eric Cartman está preocupado com o fim da onda woke pois ela era sua principal fonte de gargalhadas (Foto: Divulgação South Park Studios)

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A última vez que Charlie Kirk virou notícia antes de sua trágica morte foi por conta de South Park. O debatedor de direita teve sua forma de atuar e seu penteado ironizados em Got a Nut, segundo episódio da temporada 27 do desenho animado, um mês antes do estúpido assassinato que encurtou sua trajetória.

A temporada está exatamente em sua metade, com previsão do décimo e último capítulo ir ao ar no começo de dezembro. No Brasil, South Park é disponibilizado no serviço de streaming Paramount+, com um atraso de três dias em relação ao lançamento de cada episódio nos Estados Unidos – lá, é exibido primeiramente no canal Comedy Central. Os criadores Trey Parker e Matt Stone fecharam um novo acordo de 1,5 bilhão de dólares com o grupo Paramount para mais 50 capítulos a partir deste ano.

O seu cabelo não nega: Eric Cartman encarna Charlie Kirk em "South Park"O seu cabelo não nega: Eric Cartman na versão Charlie Kirk (Foto: Divulgação South Park Studios)

E como Charlie Kirk recebeu a tiração de sarro? Bem demais! “Vejo isso como uma medalha de honra. Nós conservadores precisamos saber como receber uma piada. Não devemos nos levar tão à sério. A esquerda é que sempre se levou a sério, para a desgraça dela. Os caras são comediantes profissionais: vão me zoar e não vejo nada demais nisso”, disse Kirk para a Fox quando soube que viraria alvo de South Park. Depois, fez um programa reagindo e se acabando de dar risada com o episódio.

Na história, o gordinho Eric Cartman fica furioso ao saber que Clyde Donovan começou um podcast para caçoar dos coleguinhas da escola com comentários misóginos e antissemitas. Cartman diz que Clyde está se apropriando do seu estilo e contra-ataca adotando o corte de cabelo de Charlie Kirk e promovendo debates nos quais desafia alunos a provarem que ele está errado em temas polêmicos. A ideia faz sucesso. Só que no Prêmio Charlie Kirk para Jovens Debatedores, Clyde vence Cartman, o que deixa o gordinho injuriado.

Do que vale a vida sem poder rir do povo woke?

Não está sendo uma temporada fácil para Cartman. No primeiro episódio, Sermon on the ‘Mount, ele fica possesso com o cancelamento de um programa de rádio comandado por esquerdistas. Era sua grande diversão ficar ouvindo a turma progressista reclamar sobre a vida. Mas a nova administração de Donald Trump chega com a promessa de acabar com tudo o que é woke. Para Cartman, isso é terrível. Afinal, do que ele vai rir num mundo sem nada woke? Ele prefere a morte. Tenta se envenenar com monóxido de carbono na garagem, mas descobre que está dentro de um carro elétrico.

Foi nesse primeiro episódio que Trump surgiu com um pênis diminuto fazendo par romântico com Satanás, posto que era do ditador Saddam Hussein no filme de 1999 South Park: Maior, Melhor e Sem Cortes. Diferentemente de Charlie Kirk, a Casa Branca não reagiu bem à brincadeira e soltou um comunicado dizendo que South Park não era relevante há pelo menos vinte anos. O texto não podia estar mais equivocado. A audiência de Sermon on the ‘Mount foi a maior do desenho desde o final da década de 1990, quando era a novidade dentre as novidades.

Vale dizer que fazia mais de dois anos que a TV americana não recebia um novo episódio de South Park. Trey Parker e Matt Stone preferiram fazer especiais de uma hora com seus personagens do que uma temporada regular em 2024 porque não queriam ter de fazer piada com a sucessão presidencial. A dupla já declarou não ser progressista nem votar no Partido Democrata, diferentemente de 99% dos artistas dos Estados Unidos. Mas, hoje, com todas as peculiaridades do segundo governo Trump, a impressão é que eles não conseguem ignorar as inúmeras brechas para fazer troça com a administração.

Em Got a Nut, sobra para o ICE, o Serviço de Imigração e Controle de Aduanas. Mr. Mackey perde seu emprego na escola de South Park e aceita virar um fiscal do ICE. Por se destacar na missão, acaba ganhando uma estada em Mar-a-Lago, o resort de luxo de Trump, retratado como a Ilha da Fantasia do seriado dos anos 1980. E se o presidente é uma espécie de Sr. Roarke, o célebre personagem de Ricardo Montalbán, claro que para o vice JD Vance sobrou a caracterização do anão Tattoo. Em comentário publicado na rede social X, Vance pareceu aceitar bem a gozação.

Inteligência Artificial bajuladora

Já em Sickofancy, o terceiro episódio da temporada, Randy Marsh tem todos os funcionários de sua fazenda de maconha presos pelo ICE e chega a cogitar desistir da plantação. Ele pede ajuda ao ChatGPT para sair da encalacrada e acaba sendo incentivado pela ferramenta de inteligência artificial a fazer um rebrand de seu negócio. É uma ideia bastante idiota, mas ele segue em frente porque acredita em tudo que é sugerido pelo ChatGPT, que vem programado para puxar o saco dos usuários.

Da crítica à IA no terceiro episódio, Parker e Stone pularam para os bonecos colecionáveis Labubu no quarto capítulo, intitulado Wok Is Dead. A grafia é essa mesmo: wok faz referência à panela wok, muito usada na culinária asiática. É que um comerciante chinês da cidade resolve fechar seu restaurante para vender o brinquedo da moda, que custa uma fortuna (especialmente com as tarifas a importados aplicadas por Trump) e dá um baita lucro. O boato de que os Labubu são utilizados em rituais satânicos pelas crianças se provam reais e o próprio Jesus Cristo precisa intervir nos lares de South Park para acabar com essa heresia.

Os alunos da escola South Park reunidos para a foto da temporada 27Os alunos da escola South Park reunidos para a foto da nova temporada (Foto: Divulgação South Park Studios)

Neste final de semana, o Paramount+ deve disponibilizar no Brasil o quinto episódio da temporada, Conflict of Interest. Vem chumbo grosso por aí, independentemente de qual for o tema do capítulo. Quem acompanha o seriado desde 1997 sabe que ele sempre foi afiado e nunca perdeu a graça. Mas, com as boas audiências deste ano e a triste coincidência do assassinato de Charlie Kirk um mês depois dele ter sido homenageado por Cartman, parece que South Park vive um novo ápice.

O midas do podcast Joe Rogan não foi tímido ao afirmar que o desenho é o melhor programa de todos os tempos da TV americana assim que Sermon on the ‘Mount teve sua primeira exibição no Comedy Central. Aliás, o canal tirou da rotação de reprises o episódio com menção a Kirk assim que ele foi morto. Mas Andrew Kolvet, produtor e braço-direito do debatedor, fez um apelo para que o Comedy Central não censure o capítulo, já que Kirk adorou a paródia e certamente não ficaria feliz em saber que ela saiu do ar.    

  • South Park
  • 2025
  • 10 episódios
  • Indicado para maiores de 18 anos
  • Disponível no Paramount+

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