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Em “Último Alvo”, o durão Liam Neeson precisa lidar com o envelhecimento

O ator dá vida a um bandido que sofre de doença degenerativa
O ator britânico dá vida a um bandido que sofre de doença degenerativa (Foto: Divulgação)

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Busca Implacável foi o filme que fez a carreira de Liam Neeson mudar de direção. O prestigiado ator nascido na Irlanda do Norte, então admirado por se destacar em A Lista de Schindler e Kinsey, já tinha 56 anos quando o thriller de resgate da filha foi lançado, em 2008. De lá para cá, muitas foram as obras em que Neeson encarnou o coroa que vira um bicho e vai resolver o problema da vez com denodo e honradez – dando socos e tiros pelo caminho.

Último Alvo, que está em cartaz no Brasil, parece ser mais um filme do tipo. O trailer está cheio de cenas de ação. Mas, ao assistir ao longa-metragem, o espectador entende que todas as poucas cenas de ação foram aproveitadas no trailer e que o resto do filme é um drama sobre o ocaso da vida. Temos um fora-da-lei enfrentando dificuldades em exercer suas atividades por conta de uma encefalopatia traumática crônica, doença degenerativa que afeta muitos lutadores de boxe em idade avançada por conta dos vários golpes que sofreram na cabeça enquanto praticavam o esporte. É o caso de Thug, personagem de Neeson.

A premissa se assemelha sobremaneira à de Pacto de Redenção, filme que Michael Keaton estrelou e dirigiu no ano passado. E também não está muito distante de vários outros produtos recentes em que um protagonista de mais idade tenta realizar um último trabalho antes de ser aposentado forçosamente. É a indústria do cinema tendo de lidar com o envelhecimento de uma geração magistral de artistas que chegou à casa dos 60, 70 (Neeson tem 72), 80 anos e não tem como escapar desse dilema. Até papeis para mulheres nesse registro estão ficando populares, vide o que A Substância acaba de fazer pela injustiçada pelo Oscar Demi Moore.

Uma nova metamorfose vem aí?

Em Último Alvo, Thug precisa lidar com várias questões conforme sua enfermidade progride. Treina o filho do chefe para ser um gângster astuto como ele, tenta se reaproximar da própria filha e estabelecer os primeiros contatos com um neto já próximo da puberdade, e começa uma relação amorosa com uma simpática senhora que conhece num bar, ao meter a colher (e a porrada) numa briga de homem e mulher. Todas as situações são delicadas e a profissional passa a interferir nas demais, uma vez que ele vira uma figura descartável para a organização criminosa quando tomam ciência de sua doença.

O filme tem vários problemas que o impedem de ser classificado como um grande trabalho. Existem personagens que desaparecem ou surgem do nada, sem maiores explicações: uma neta é apresentada na primeira cena em família e não volta mais; um “resolvedor de problemas” (como o personagem de Al Pacino em Pacto de Redenção) pinta no final sem qualquer contextualização. Mesmo assim, o entretenimento é garantido. Muito por conta do carisma e da qualidade da atuação do britânico, que está prestes a mudar de ares para viver o tira da refilmagem da comédia Corra que a Polícia Vem Aí, prevista para ser lançada no meio do ano.

Caso arrase na reencarnação de Frank Drebin (consagrado pelo lendário Leslie Nielsen) e renasça como estrela do humor, Neeson terá deixado uma sólida obra como ator de ação maduro. Caberá então procurar pérolas desse período que possamos ter ignorado – e Último Alvo já enseja uma descoberta. É que esse lançamento se trata da segunda parceria entre Neeson e o diretor norueguês Hans Peter Moland. Após se destacar com O Cidadão do Ano, em 2014, o cineasta foi contratado para refazer tal filme em inglês, com elenco internacional. O resultado foi Vingança a Sangue Frio (2019), um dos melhores projetos da fase tiozão bad ass de Neeson. Que Último Alvo leve mais gente a descobrir essa gema, disponível nos catálogos da Netflix e Disney+.

  • Último Alvo
  • 2024
  • 112 minutos
  • Indicado para maiores de 16 anos
  • Em cartaz nos cinemas

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