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Prepare os tacos — e talvez também os ouvidos — porque Adam Sandler voltou aos campos de golfe. Um Maluco no Golfe 2, a sequência do cultuado (e caótico) filme de 1996, já está disponível na Netflix. E, apesar das pancadas verbais e do humor que flerta com o limite do bom gosto, a produção dirigida por Kyle Newacheck reserva surpresas e até, acredite, mensagens edificantes.
O golfista mais desajeitado da história retorna, agora mais grisalho e visivelmente marcado pelo tempo. Após uma tragédia surreal em que acerta a esposa com uma bola de golfe, Happy afunda na depressão, no alcoolismo e no ostracismo. Mas, como o cinema de comédia americana gosta de lembrar, a vida adora reviravoltas com sabor de redenção.
Quando sua filha, Vienna, talentosa bailarina, é aceita em uma renomada escola de Paris, Happy encontra um novo motivo para sair da inércia. A mensalidade, no entanto, é de US$ 75 mil por ano. Assim, ou ele volta a competir ou verá a menina dançando balé apenas no YouTube.
Tropeços e tacadas certas
Há algo curioso, e até admirável, na tentativa de Um Maluco no Golfe 2 de equilibrar a irreverência típica de Sandler com um arco narrativo moral. O roteiro aposta em temas caros a qualquer sociedade: família, superação, segunda chance, paternidade comprometida e perdão. Mais maduro, sem abandonar a veia para o grotesco, Sandler interpreta um personagem que luta contra vícios e erros com alguma sinceridade.

Happy busca se redimir não apenas com a filha, mas também com fantasmas do passado. Um dos momentos mais inusitados é o reencontro com o filho de um homem que ele matou, acidentalmente, no primeiro filme. E, pasme, ele é perdoado. Não sem antes uma sequência de socos e frases impronunciáveis, claro. Mas perdoado, é o que importa.
Entre o exagero e a moral
A produção abraça, sem vergonha, a estética do exagero e da caricatura. Mas, entre uma piada de mau gosto e uma nudez traseira gratuita, surgem lições de lealdade, compaixão e justiça.
Na versão original de Um Maluco no Golfe 2, em inglês, em vários momentos o filme adota linguagem agressiva, com palavrões e grosserias. Há ainda piadas recorrentes com urina, traseiros e órgãos que dispensariam exibição.
A violência é cartunesca, mas constante: boladas na cabeça, jacarés surgindo do nada (um clássico), acidentes com carrinhos de golfe e até um caddy estrangulado. Tudo embalado por trilhas alegres e risadas em off. Também há referências a saúde mental, alcoolismo e suicídio, quase sempre tratadas de forma pouco sensível. A comicidade, neste caso, caminha no fio da navalha.
O peso do alcoolismo
O alcoolismo é um dos eixos da trama. Happy luta contra a recaída, mas as piadas sobre bebedeiras e vícios variam entre eficazes e deslocadas. O que poderia ser um drama paralelo consistente acaba se tornando um campo minado para quem espera mais responsabilidade temática.
Para quem aprecia o humor típico de Adam Sandler, Um Maluco no Golfe 2 é um prato cheio de referências, personagens antigos e piadas internas que funcionam pela nostalgia. A participação da filha do ator, Sunny Sandler, acrescenta uma nota afetuosa e, em alguns momentos, uma sinceridade ausente no restante do roteiro.
O resultado final mistura valores morais com ofensas desnecessárias. Há uma clara tentativa de transmitir mensagens sobre perdão, recomeço e laços familiares, mas elas vêm embrulhadas em palavrões, nudez gratuita e um humor que exige cautela, especialmente na presença de crianças ou adolescentes.
- Um Maluco no Golfe 2
- 2025
- 118 minutos
- Indicado para maiores de 14 anos
- Disponível na Netflix
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Conteúdo editado por: André Pugliesi





