Dirigido por Francis Ford Coppola (Apocalypse Now, O Poderoso Chefão), Vidas sem Rumo completa 40 anos de seu lançamento no mês de julho. Em tempo para as comemorações, as plataformas de streaming Prime Video e Mubi conseguiram acrescentar o filme aos seus catálogos agora em maio. Mas por que esse trabalho do cineasta merece ser celebrado dentre tantas outras obras dos anos 80?
Adaptação do livro homônimo, escrito por S. E. Hinton, em 1967, o filme narra a história de um grupo de adolescentes que pertencem a gangues rivais de rua, divididos entre os "Greasers" e os "Socs". À época de seu lançamento, a produção foi impactante por seu retrato honesto e emocionante da vida de adolescentes que enfrentavam problemas reais e complexos.
A violência, a injustiça, a pobreza, a pressão dos pais e a dificuldade de encontrar um lugar na sociedade eram temas geralmente evitados pelos filmes de Hollywood. Isso mudou com Vidas sem Rumo, responsável por influenciar diretamente outras obras com temáticas semelhantes, casos de Coração Selvagem, Sobre Meninos e Lobos e Kids.
Petição escolar
Em uma entrevista ao jornal The Guardian, em 2021, Coppola contou um pouco mais sobre o que o motivou a produzir este filme. “Recebi uma carta escrita por Jo Ellen Misakian, bibliotecária de uma escola secundária de Fresno, Califórnia. Dizia: ‘Estamos todos tão impressionados com o livro The Outsiders, de SE Hinton, que circulamos uma petição pedindo que fosse transformado em filme. Nós escolhemos você para enviá-la’”, conta o diretor.
Segundo ele, o documento era composto por cerca de quinze páginas com as assinaturas de crianças escritas com canetas coloridas. “Sempre acreditei que as crianças têm muito mais sentimentos do que imaginamos e queria fazer a história”, pontua. “Quando tinha cerca de 17 anos, fui conselheiro de teatro em um acampamento de verão, e a ideia de estar com meia dúzia de crianças e fazer um filme me dava a sensação de ser um conselheiro de acampamento novamente. Eu esqueceria meus problemas e daria algumas risadas."
A ambição de Tom Cruise
Um grande trunfo do filme, além do seu conteúdo inovador com foco nos adolescentes, foi a escolha do elenco. Recheado de jovens atores com idades entre 18 e 22 anos, o longa impulsionou ou lançou a carreira de nomes que hoje soam muito familiares, como Tom Cruise, Matt Dillon, Rob Lowe, Emilio Estevez e Patrick Swayze, o único que já tinha passado dos 30 anos.
“Se minha empresa era famosa por alguma coisa, era por escalar atores novos e desconhecidos”, contou Coppola na mesma entrevista. “Acreditava no conceito de seleção aberta – mas tentei fazê-lo de uma forma que fosse apropriada para o filme que estávamos fazendo. Colocava todos os candidatos sentados em círculo, observando uns aos outros e testando os diferentes papéis. Tom Cruise, que acabou com um personagem menor, era um garoto intenso que faria qualquer coisa para melhorar seu papel.”
Lowe, um dos colegas de elenco do ator, também confirmou sua intensidade, revelando que Cruise até tirou uma coroa de um de seus dentes para sentir-se mais imerso no papel. “Tom era ambicioso, nunca conheci ninguém mais ambicioso que ele.”
Comemorar os 40 anos de Vidas sem Rumo também serve para pensar sobre como o “pequeno papel” de Cruise abriu portas para aquele que há décadas é um dos astros mais completos do cinema. Resta agora ficar de olho nos próximos passos do ator na saga Missão Impossível, um de seus maiores trunfos no universo da ação.
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