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Interdição no deck está prestes a completar um ano | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Interdição no deck está prestes a completar um ano| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Fechado desde abril de 2018, o Pico de Matinhos, estrutura que liga duas importantes praias do município do Paraná, passou também o verão inteiro interditado. O bloqueio foi feito pela prefeitura para obras de revitalização, que eram para estarem prontas antes do início da temporada, em dezembro do ano passado. Porém, com a demora para conclusão da reforma, comerciantes reclamam da queda do movimento na região, e surfistas se preocupam em ter mais uma temporada de surf sem a estrutura — que costumava funcionar como uma arquibancada para quem acompanha o esporte.

“O pico é o marco zero da cidade e super importante para o surf, porque é o ponto de formação de uma onda direita considerada a melhor do Brasil”, explica o surfista José Augusto Sanson, de 42 anos. As ondas quebram nas pedras que ligam a Praia Central de Matinhos à Praia Brava de Caiobá, exatamente onde fica o deck que a prefeitura está reformando. “Esse ponto era uma arquibancada, as pessoas se reuniam ali e ficavam acompanhando os surfistas”, lembra.

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Antes da interdição, chamava a atenção a grande quantidade de tábuas de madeira podres na estrutura. Agora, o local está sem guarda-corpo e sem uma superfície segura para andar. Apesar das placas avisando do bloqueio, ainda há quem decida se arriscar a ir caminhando pelas pedras — o que dependendo da maré pode ser perigoso. Mas boa parte dos turistas que antes passeava pelo trecho, sumiu. “Muita gente estacionava o carro aqui no fim da Praia Brava e andava até a próxima praia. Esse fluxo praticamente acabou com a interdição do Pico”, explica Tarso Tebchirani, que há oito anos tem uma lanchonete na região.

Comerciantes reclamam que fechamento da estrutura afetou vendasAlbari Rosa/Gazeta do Povo

Proprietária de um comércio na Brava, Alessandra Silva concorda: “A gente sabe que agora a obra precisa ser feita, mas se tivesse tido manutenção antes, não teria a necessidade de ficar tanto tempo fechado”. De fato, os comerciantes não se recordam de terem visto algum tipo de reparo no local nos últimos dez anos. A Secretaria Municipal de Obras, por sua vez, não tem registros dessas intervenções anteriores, mas explica que já estão previstos pequenos consertos de rotina para quando a nova estrutura estiver pronta.

De acordo com a secretaria, apesar de o Pico ter sido interditado em abril, a reforma só começou em dezembro devido à necessidade de licenças específicas. “Toda a orla de Matinhos é tombada pelo Patrimônio Histórico, então eles precisam aprovar as mudanças”, explica a secretária Patrícia Biff. Mas, ainda segundo ela, o que ocasionou o atraso de fato foi um pedido do Ministério Público para que a nova estrutura fosse acessível a pessoas com dificuldade de mobilidade — e isso não constava no projeto original, que teve de ser refeito.

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Com a inclusão de rampas de acessibilidade, o projeto acabou ficando também mais caro. Por isso teve de ser separado em duas etapas. A nova perspectiva é de que a reforma seja totalmente concluída em 19 de maio.

Até lá, porém, é recomendado que a população evite transitar pelo local, fazendo o acesso às praias pelas ruas da região, para evitar acidentes. “Já vi até senhoras caírem por ali. É difícil as pessoas aguentarem sem passar, porque era um lugar importante fechado por tanto tempo”, comenta um surfista amigo de José Sanson, que preferiu não se identificar.

Projeto social sem sede

Além do trânsito de surfistas e turistas, o Pico de Matinhos é importante para o projeto social Ondas do Saber, que é da própria prefeitura. A iniciativa, que ensina o surf a crianças da cidade, tem sede em um prédio localizado no Pico, e teve de se mudar quando a interdição passou a valer, há cerca de 11 meses.

Conforme Sanderson Trevisan, coordenador do projeto, as aulas passaram a acontecer em um local cedido pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), que não é o ideal para a prática. “O legal do Pico é que o tipo das ondas é perfeito para ensinar as crianças, então queremos voltar para lá”, conta.

Mesmo assim, Trevisan explica que o atraso faz sentido levando em conta a complexidade das obras. “O local é tombado, precisa de uma série de licenças. Então sabemos que apesar de parecer bastante tempo de atraso para quem é turista, não é tanto assim para uma estrutura montada em cima das pedras”, avalia.

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