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Baleia, golfinho, jacaré, lontra, pinguim, lobo-marinho… Assim começa a lista de animais marinhos diferentes que apareceram no Litoral do Paraná em 2017, ano cuja quantidade de espécies que passaram pela região foi mais alta do que de costume. Além de bichos que infelizmente acabaram morrendo depois de encalhar — como a baleia minke encontrada na Ilha do Mel em novembro - o ano também contou com aqueles que apareceram de forma inusitada —, como o suposto tubarão que cancelou um campeonato de surfe em Matinhos. Relembre a passagem desses visitantes por nossas praias.

Saiba o que fazer caso encontre um animal silvestre na praia

“Laxante” para tartarugas

Tartarugas passaram por exame e raio-X para verificar o que travava o sistema digestivo delas.Divulgação/LEC UFPR

Em maio de 2017, duas tartarugas marinhas encontradas em Pontal do Paraná tiveram de ser trazidas para Curitiba para passar por tratamento especial. Elas foram examinadas pela equipe do Centro de Estudos do Mar (CEM) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que encontrou lixo no sistema digestivo de ambas. As tartarugas acabaram comendo materiais enrolados em algas, tais como tampas de garrafa pet, hastes flexíveis e balões de festas. Antes de serem soltas novamente na praia, ambas foram tratadas com substância similar ao laxante de humanos, para ajudá-las a evacuar o lixo que pode travar o estômago e intestino dos animais.

Tubarão?

A situação de um suposto “tubarão”, que apareceu em maio durante o Campeonato Paranaense de Longboard, deixou atletas e banhistas assustados até que o caso fosse esclarecido. Alguns dias depois, descobriu-se que o animal na realidade era uma arraia mobula, que tem uma nadadeira peitoral que lembra a de um tubarão, mas se alimenta de plânctons e é inofensiva. O esclarecimento veio do biólogo Hugo Bornatowski, integrante do CEM.

Pinguim na Ilha

Pinguim encontrado na Ilha do Mel em julho de 2017.Colaboração/Kaue Alapont

Relativamente comum durante o inverno, o pinguim também teve um representante visitando o Litoral do Paraná em 2017. O animal foi avistado em julho na Ilha do Mel e levado para exames na sede do CEM, para garantir que a saúde estivesse intacta. Como chegou na ilha fora de temporada, o bicho não chamou muitos curiosos e os moradores preferiram não interagir diretamente com ele - atitude recomendada pelos biólogos.

Descanso do lobo-marinho

Em setembro, foi a vez de um lobo-marinho virar a atração principal de uma praia de Guaratuba. O animal passou pelo menos cinco dias descansando na areia por ali e chegou com as correntes marítimas em que se alimentam de peixes, que se aproximam do continente entre maio e setembro. Na ocasião, os banhistas precisaram de algumas instruções da equipe do Centro de Estudos do Mar (CEM) , que orientaram a não gerar aglomerações e não entrar em contato com o bicho. Segundo os biólogos, este foi o terceiro lobo-marinho que apareceu no Litoral do Paraná durante a temporada de inverno.

Jacaré no meio da trilha

Uma das aparições mais incomuns do ano foi um jacaré, encontrado no meio de uma trilha na Ilha do Mel. A visita aconteceu no mês de outubro, na região de Nova Brasília, que costuma ser muito frequentada por turistas. A presença do réptil, que descobriram ter dois metros de comprimento, só foi notada quando um cachorro começou a latir sem parar por volta de 1h da madrugada. Quando moradores foram verificar, tomaram um susto com a causa dos latidos. Logo em seguida o Batalhão de Polícia Ambiental (BPA) foi acionado e um grupo de seis homens imobilizou e levou o animal para a água em uma parte menos movimentada da ilha.

Baleia morre encalhada

Baleia da espécie minke foi encontrada morta.CEM-UFPR/Divulgação

Com cinco metros de comprimento, uma baleia da espécie minke foi encontrada encalhada em novembro. O animal estava em uma praia da Ilha do Mel e já havia morrido quando uma equipe de biólogos chegou para prestar atendimento. A causa da morte foi infecção generalizada, provavelmente gerada, de acordo com o CEM, pela grande quantidade de areia encontrada em seu sistema digestivo. Isso significa que provavelmente a baleia já havia encalhado antes em outro local. Além da areia, a degradação do ecossistema marítimo também causou a morte da baleia, de acordo com os biólogos do CEM.

O que fazer?

Ao encontrar um animal silvestre no Litoral do Paraná, a indicação do CEM é que não haja contato físico. Também deve-se isolar a área e evitar contato com cachorros, por exemplo. Por fim, é necessário acionar a entidade, que realiza o acompanhamento das espécies marítimas na costa do estado.

Para acionar o CEM ao encontrar um animal marinho, basta telefonar para 0800-6423341.

Causas do aumento

O aumento da diversidade de visitantes marinhos está relacionado principalmente às temperaturas oceânicas, que tiveram mudanças atípicas em vários momentos. Quem explica é a bióloga marinha Camila Domit, coordenadora do Laboratório de Estudos e Conservação (LEC) do CEM: “Um exemplo de espécie menor que apareceu muito na costa do Paraná em 2017 é a bolacha do mar. Ela caracteriza correntes marítimas quentes, vindas do Norte, que tivemos aqui ao longo de todo o ano”, esclarece Camila.

De acordo com a bióloga, a simples variação de temperatura das águas oceânicas não é razão para preocupação, já que a mudança que pode ser natural. O problema acontece mesmo quando há o aumento dos eventos extremos, aos quais a fauna e a flora não conseguem se adaptar - como por exemplo a incidência de mais chuvas intensas, que acabam gerando carregamento maior de sedimentos para as águas.

Ainda assim, a situação que realmente preocupa os estudiosos é a grande quantidade de animais encalhados no Litoral que têm lixo encontrado no corpo. “Em vários encalhes de animais mortos e vivos encontramos lixo, isso significa que outros animais que estão pelo oceano também passam pelo mesmo problema”, relata a coordenadora. De acordo com levantamento do LEC, por exemplo, 80% das tartarugas marinhas encontradas na costa paranaense têm problemas digestivos causados pelo lixo jogado no mar.

Além disso, um estudo feito pelo LEC mostrou que entre 2007 e 2014, gradativamente tem havido mais encalhes no litoral do PR relacionado a atividades antrópicas, ou seja, ações de exploração de recursos naturais. Entre elas, contaminações químicas, interação com lixo, com dragas, com equipamentos de pesca e colisões com embarcações.

Colaborou: Cecília Tümler

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