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Eloá Rodrigues Teixeira tinha muitos motivos para surpreender os desavisados que começassem a perguntar sobre sua vida. Graduada em três cursos que, em um primeiro olhar, pareciam não ter relação prática entre si – Educação Física, Direito e Filosofia – ainda cursou Jornalismo, sem concluir, e fez pós-graduação em Orientação Educacional, que se aproxima da Pedagogia e da Psicologia. Ao longo de uma carreira, que inclui os ofícios de professora, diretora de teatro e crítica de arte, conseguiu mesclar de um jeito único as áreas que a envolviam.

Enquanto cursava Filosofia, em 1966, resolveu empreender – característica que levava consigo em tudo o que fazia – e criar um espaço em Curitiba, na Rua Emiliano Perneta, unindo escola de artes para crianças e casa de chá, assim as mães poderiam se reunir enquanto levavam as filhas para as aulas. O ArtStudio tinha aulas de pintura, balé clássico e literatura, além de frequentes exposições de quadros e esculturas. Apesar do empreendimento não ter vingado por muito tempo, abriram-se portas para que Eloá conseguisse se dedicar ao que mais amava, o balé. Surgiram convites para escrever sobre a dança em uma coluna no Diário do Paraná, que ela assinava com o pseudônimo de Lemahel, e comandar um programa de rádio sobre o tema.

Lecionou interpretação, psicologia e expressão corporal no Curso de Teatro da Fundação Teatro Guaíra, importante escola de formação de atores e bailarinos e instituição pela qual trabalhou em prol da divulgação da dança no Paraná e no Brasil. Também foi professora de teatro do Colégio Estadual do Paraná. Criou o Movimento Universitário de Ballet, em 1966, onde causava estranhamento pois, apesar de não ser bailarina, sabia tanto quanto eles sobre as técnicas de movimento do corpo na dança. “Ela sempre foi envolvida pelo movimento, e juntou o que aprendeu com educação física e arte para o estudo da dança. Conhecia toda a estrutura física e emocional dos atores e bailarinos e, a partir disso, conseguia inovar na parte de expressão corporal” conta a amiga e bailarina Loraci Stragni.

Teve significativa contribuição, a convite do Ministério da Cultura nos anos 1980, na criação do Instituto Nacional de Artes Cênicas, que depois viria a se tornar a Fundação Nacional de Artes Cênicas, incluindo ópera, dança, circo e mímica. A Fundação trabalhava, na época, em conjunto com a Fundação Nacional das Artes (Funarte) e o trabalho de Eloá era direcionado à profissionalização dos professores e bailarinos em nível nacional.

Como diretora de teatro, destaca-se a peça “O Elevador”, na qual ela inova ao desenvolver toda a trama dentro da representação de um elevador no palco, onde quatro atores ficam presos em uma plataforma suspensa. Buscava utilizar os conhecimentos em psicologia e filosofia como embasamento humano para a construção dos personagens que auxiliava a criar a partir da expressão corporal dos atores e bailarinos. Para ela, primeiro era necessário trabalhar o lado pessoal e fornecer subsídios psicológicos para que o ator se encontrasse e encontrasse o personagem.

Eloá morreu em fevereiro deste ano, aos 82 anos.

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