Mesmo com uma série de indicadores da pandemia em tendência de alta, Curitiba decidiu nesta quarta-feira (18) pela manutenção da bandeira amarela – com direito, inclusive, à liberação de público em eventos esportivos. Um dos índices que mais subiram nos últimos dias foi o número de casos ativos de Covid-19, que alcançou 7.243 pessoas. Essa situação, porém, já era tida como esperada pela Secretaria Municipal de Saúde e, apesar de impactar no índice que define a bandeira, não foi suficiente para que a capital determinasse medidas mais rigorosas de enfrentamento ao coronavírus.
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Em entrevista por telefone à Gazeta do Povo, Márcia Huçulak, secretária municipal de Saúde de Curitiba, disse que a cidade tem um histórico de aumento de casos sempre que há a bandeira amarela. “Os casos aumentam porque aumenta também a circulação de pessoas”, explicou.
“Temos hoje em Curitiba eventos, bares voltaram, várias atividades retomaram. A gente já tinha na bandeira amarela uma expectativa de aumento de casos ativos. Embora esses casos tenham aumentado, não houve impacto nas internações. Estamos mantendo nossa taxa de ocupação de leitos e estamos monitorando outro indicador, que é a entrada de paciente por UPA e por unidade básica de Saúde. Nenhum deles trouxe grande impacto nas internações”, detalhou a secretária.
Os dados divulgados pela prefeitura nesta quarta-feira (18) apontam que a taxa de ocupação de leitos de enfermaria SUS exclusivos para o tratamento da Covid-19 é de 71%. A taxa de ocupação de leitos UTI SUS está em 68%.
Variante Delta é diferente
Não há dados oficiais que mostrem o impacto da variante Delta entre os curitibanos. Mesmo assim, a secretária alerta que essa nova cepa pode estar por trás do aumento no número de casos na capital. Isso porque, segundo Huçulak, alguns casos provocados por essa variante podem estar passando despercebidos dos pacientes.
“Essa nova variante, a Delta, tem uma característica diferente das demais. Ela não traz perda de olfato ou paladar. Às vezes ela parece com uma gripe ou um resfriado. As pessoas podem até não valorizar os sintomas por se tratar de casos leves, e aí seguem transmitindo a doença. A pandemia não acabou. Precisamos manter o uso da máscara e evitar as aglomerações. E o principal: quem tiver quaisquer sintomas de doenças respiratórias precisa procurar urgente um serviço de Saúde”, alertou.
Antecipação das doses
No início de agosto, em uma entrevista coletiva, Huçulak classificou como “um equívoco” a proposta de antecipar a segunda dose de vacinas como a AstraZeneca e a Pfizer, que têm um período de até três meses entre as aplicações.
Porém, nesta quarta-feira (18) a secretaria anunciou o início da antecipação das segundas doses para as pessoas com idades entre 50 e 59 anos que tomaram imunizantes destes dois laboratórios - neste momento, serão atendidas as faixas etárias de 58 e 59 anos. Questionada sobre a iniciativa, a secretária disse que as situações não são as mesmas.
“São duas coisas diferentes. Quando eu falei que era um equívoco, era diminuir como o pessoal estava propondo, de 90 para 21 dias no caso da Pfizer. Nem teríamos vacina para isso. O que vamos fazer com esse grupo de 58 e 59 anos é antecipar a segunda dose em 10, 11 dias. Em vez dos 90, estamos diminuindo para 79, 80 dias. Não é baixar de três meses para menos de 30 dias. Quando eu falei que era um equívoco, era isso”, explicou.
A medida foi tomada porque esta faixa etária é a mais presente entre os casos graves e óbitos provocados por complicações da Covid-19. O objetivo, segundo a secretária, é garantir a imunização completa desse grupo de pessoas antes do feriado prolongado de 7 de setembro.
“É um feriado prolongado. A tendência é que o tempo esteja quente e as pessoas viajem. As pessoas circulam mais em feriados. Esse grupo vai estar assim mais protegido, porque até lá já terá se cumprido o prazo de 14 dias da segunda dose. E isso vai impactar também nas pessoas que vão ter contato com esse público. Pode sim haver a contaminação, mas a tendência para quem toma a segunda dose é de estar chegando ao feriado com uma proteção maior”, concluiu.
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