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Só uma mulher identificada na pesquisa mantinha 105 cachorros em um espaço de 50 metros quadrados. | Brunno Covello/Gazeta do Povo/Arquivo
Só uma mulher identificada na pesquisa mantinha 105 cachorros em um espaço de 50 metros quadrados.| Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo/Arquivo

Não muito longe dos programas de televisão, toda cidade tem acumuladores de todos os tipos. Em Curitiba, um estudo inédito feito pela médica veterinária Graziela Ribeiro da Cunha para o doutorado da Universidade Federal do Paraná (UFPR), mostra que entre setembro de 2013 e abril de 2015 foram identificados 113 casos de acumuladores, conforme denúncias às secretarias municipais do Meio Ambiente, Saúde e Assistência Social. Desses, 65 acumulam só animais - em sua maioria, senhoras idosas, de baixa renda e com pouca escolaridade. Com o levantamento, Curitiba passa a ser a primeira cidade brasileira a conhecer e a monitorar os acumuladores de bichos na busca por políticas públicas para resolver os problemas causados pela prática.

Na maioria dos casos, o animais são acumulados em pequenos espaços, com a pessoa acreditando estar fazendo o bem, quando, na verdade, geram risco de doenças e sofrimento para si, para os vizinhos e para os próprios animais. De acordo com Graziela, a principal característica dos acumuladores de animais é a pouca percepção da realidade à sua volta enquanto mantêm uma grande quantidade de animais sem as devidas condições de higiene e alimentação. Em um dos casos verificados pela pesquisadora, uma mulher chegou a manter 105 cachorros em um imóvel de 50 metros quadrados. “Os acumuladores de animais acham que estão fazendo o bem, não reconhecem o comportamento como uma falha”, enfatiza a médica veterinária.

Conhece um acumulador? Saiba como ajudar

O primeiro passo para ajudar um acumulador de animais é entrar em contato com o serviço 156 da prefeitura, informando sobre a situação. Segundo a médica veterinária e pesquisadora da UFPR Graziela Ribeiro da Cunha, nunca se deve tentar invadir o local onde a pessoa vive e retirar os animais.

“A principal forma de ajudar é tentar criar um vínculo com a pessoa e de forma gradual tentar fazer que ela compreenda a situação em que ela se encontra”, explica. “É preciso criar um vínculo de confiança”, conclui.

Além de ser prejudicial para a própria pessoa, já que a falta de higiene e tratamento dos animais pode provocar pragas como ratos e baratas na vizinhança, a prática pode fazer mal aos próprios animais. “O grande acúmulo de animais sem cuidado veterinário pode transformar os bichos em agentes de doenças. A falta de espaço pode fazer com que os animais disputem território, alimento, e até mesmo a atenção daquela pessoa. Muitas vezes eles estão melhores na rua do que naquele ambiente”, comparaa doutoranda.

A pessoa que acumula animais, de acordo com Graziela, acaba também por perder vínculos sociais. “A pessoa muitas vezes deixa de trabalhar, de receber visita e acaba se isolando”, explica.

A ideia é a partir do estudo criar um guia de atendimento para os acumuladores de animais, instruindo os servidores públicos sobre a melhor forma de ajudar aquela pessoa. “O guia deve mostrar as linhas de abordagem, já que esse é um transtorno que não tem cura, apenas tratamento”, afirma a doutoranda.

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