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investigação criminal

Larvas de moscas podem elucidar crimes sexuais, aponta pesquisa da UFPR

Estudo mostrou que o DNA tanto da vítima quanto do agressor são preservados por mais tempo no sistema digestivo de determinadas espécies insetos

DNA colhido do sistema digestivo das larvas podem ser preservados por mais tempo. | Samira Chami Neves/UFPR
DNA colhido do sistema digestivo das larvas podem ser preservados por mais tempo. (Foto: Samira Chami Neves/UFPR)

Moscas poderão ajudar a polícia a desvendar crimes sexuais. Isso graças a uma descoberta de pesquisadores do Laboratório de Genética Molecular Humana da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que desenvolve estudo junto com o Instituto de Criminalística para utilizar larvas de moscas necrófagas, que se alimentam de matéria orgânica em decomposição. O estudo pode se tornar uma técnica a ser usada pelos peritos para identificar criminosos em casos de morte da vítima ou se houver vestígios de DNA do autor.

A pesquisa descobriu que é possível obter material genético humano a partir das larvas que se alimentam de corpos em decomposição. O trato digestivo dos insetos preserva o DNA humano e fica mais tempo livre de interferências externas e de elementos químicos que prejudicam a análise de decomposição cadavérica.

“Para identificação da vítima, temos métodos convencionais, como a análise das impressões digitais e a análise da arcada dentária. Mas nem sempre isso pode ser feito devido ao nível de decomposição do corpo”, explica a professora responsável pela pesquisa, a bióloga Danielle Malheiros Ferreira, a importância do estudo.

Já a identificação do agressor pode ser feita caso haja sêmen no corpo da vítima, do qual as larvas também se alimentam. Danielle explica que as larvas produzem enzimas que decompõem o sêmen de forma acelerada. Portanto, se a investigação e a perícia forem feitas em tempo hábil, a possibilidade de se identificar o autor do crime é mais rápida.

Criação de larvas

Para desenvolver o estudo, a equipe da UFPR está criando em laboratório as larvas das moscas que existem aqui mesmo em Curitiba e região metropolitana. Elas estão sendo alimentadas com uma mistura contendo DNA humano.

Primeiro, a equipe comprovou que as larvas se alimentariam de sêmen. Em seguida, conseguiu recuperar o material genético do organismo dos insetos e descobriu em que fase do desenvolvimento da larva seria possível obter mais DNA com maior qualidade.

De acordo com Danielle, a pesquisa ainda está em fase inicial e ainda há muitas perguntas a serem respondidas. “Não sabemos quais serão as moscas que possibilitarão isso, porque muitas larvas secretam enzimas que destroem o DNA. Em algum momento, esse DNA vai ser degradado. Então o tempo que ele dura no trato digestório das larvas é uma coisa importante a ser avaliada”, diz.

Os testes também precisam ser executados em larvas que não foram criadas em laboratório, que devem ser inicialmente obtidas de corpos de animais em decomposição no ambiente.

A equipe de pesquisadores está se reunindo constantemente com os peritos do Instituto de Criminalística para integrar o conhecimento acadêmico com a prática dos casos reais de investigação.

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