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Vista aérea de Curitiba: circulação do vírus em locais públicos é principal causa de contaminação do sarampo neste estágio da doença
Vista aérea de Curitiba: circulação do vírus em locais públicos é principal causa de contaminação do sarampo neste estágio da doença| Foto: Leticia Akemi/ Gazeta do Povo

O Paraná foi o 2.º estado do país que mais registrou casos de sarampo nos últimos 90 dias, segundo levantamento do Ministério da Saúde divulgado nesta terça-feira (29) com base em diagnósticos confirmados entre 25 de julho e 25 de outubro de 2019. Dos mais de 220 pacientes infectados no estado, 96% deles estão em Curitiba e na Região Metropolitana (RMC).

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A concentração não é por acaso e se assemelha à distribuição da doença em outros estados do país com registros de sarampo – como o vizinho São Paulo, onde há surto e 5,4 mil dos 9,7 mil casos estão na capital paulista e municípios do entorno.

"É o mesmo processo que em outros estados. Normalmente começa na capital devido à densidade demográfica. No caso de Curitiba, é um fluxo muito grande e diário de pessoas que vão para São Paulo e que vêm de lá", observa o enfermeiro Renato Lopes, chefe da Divisão de Vigilância das Doenças Transmissíveis da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).

Pelo balanço do Ministério da Saúde, o Paraná tinha, até o dia 25 de outubro, 227 confirmações de sarampo. Já o boletim da Sesa com notificações até o dia 23 de outubro mostra um pouco mais: 231 pacientes, sendo 223 deles na capital e na Região metropolitana de Curitiba, formada pela capital e outros 16 municípios.

Conforme a pasta, do total de confirmações no Paraná até agora, em 27 casos a provável contaminação foi em São Paulo e em quatro, Santa Catarina. Outros 25 são considerados infecção secundária (contato com o infectado primário), e o restante, 175, não tem origem determinada, o que significa que o paciente pode ter tido contato com o vírus em qualquer lugar.

Assim, os números mostram que o sarampo já se encontra em um estágio de disseminação na RMC em que a circulação local do vírus é capaz de atingir pacientes em proporções quase que geométricas – não sendo mais a fonte principal de contágio viagens a outros estados. Do primeiro caso na região, em Campina Grande do Sul, confirmado em 20 de agosto, a região de Curitiba saltou para 223 em dois meses.

"Hoje a viagem ainda é um fator importante para o adoecimento, mas, em Curitiba, a gente já tem cadeia de transmissão dentro da própria cidade, como na UFPR, na PUC, em barzinhos", explica Lopes. Há duas semanas, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) emitiu um alerta sobre 17 casos de sarampo confirmados em vários campi, entre eles os maiores, o Politécnico e o Botânico.

Taxa de vacinação

Apesar de o Ministério da Saúde não adotar dados sobre a cobertura vacinal contra o sarampo em adultos – apenas crianças entram neste levantamento -, há possibilidade de que um índice inadequado de vacinação entre adultos possa também ser um dos motivos da intensa propagação.

Contudo, neste caso, não é um perfil específico da região de Curitiba, mas de todo o país, já que nos últimos anos as pessoas deixaram de ver o sarampo como uma doença perigosa.

"Nessa faixa adulta a gente tem uma população que acabou escapando e não se vacinou. Aqui no Paraná foram vinte anos sem sarampo. E depois disso ainda demorou um pouquinho até todos atualizarem suas carteiras de vacinação", acrescentou Lopes.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba (SMS), das atuais 173 confirmações apenas na capital, a faixa etária em que há maior número de registros é entre 15 e 29 anos, o que corresponde a 85% do total. A idade mediana dos pacientes é de 22 anos.

Tendência de crescimento

Marion Burger, médica pediatra e infectologista do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, estima que a capital paranaense ainda vive a tendência de crescimento do sarampo. "O sarampo é uma doença mais transmissível do que gripe. Estima-se que uma pessoa contaminada possa passar o vírus para outras 12 a 18 pessoas não imunizadas adequadamente", explica.

E, de acordo com a especialista - que também coloca a densidade populacional de Curitiba e a ligação comercial da cidade com a capital paulista como o motivo mais evidente da disseminação da infecção por aqui -, a estratégia adotada pelo município para ao menos desacelerar os diagnósticos é a vacinação.

Até 24 de outubro deste ano, foram aplicadas em Curitiba 177.458 doses do imunizante – o dobro do contabilizado durante todo o ano de 2018 e quase três vezes a mais do que as aplicações feitas em 2017.

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