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Morro do Anhangava tinha filas de cerca de 30 minutos no feriado de 7 de setembro. | Colaboração/Alexandre Silva
Morro do Anhangava tinha filas de cerca de 30 minutos no feriado de 7 de setembro.| Foto: Colaboração/Alexandre Silva

As montanhas das redondezas de Curitiba e do Litoral têm atraído um público tão grande em 2018 que essa situação se tornou preocupante. Os principais motivos são a falta de estrutura dos morros, a pouca preparação e a falta de informação do público, o que gera dano ambiental, perigo para quem caminha e até filas em diversas trilhas. Para ajudar a conscientizar sobre o tema, a Federação Paranaense de Montanhismo (Fepam) convocou um mutirão voluntário para este sábado (22), na base do Pico Paraná.

Em alguns casos, a quantidade de trilheiros chega a ter aglomerações de visitantes nos picos mais famosos da Serra do Mar paranaense, como o Pico Paraná e o Anhangava. Em ambos os locais, montanhistas já registraram cerca de 30 minutos de espera para conseguir passar por determinados trechos. Essa foi a experiência da contadora Maria Julia Teleginski, que sobe morros há 12 anos, no feriado de 7 de setembro. Ela conta que a data foi escolhida para subir o Pico Paraná por outras dezenas de pessoas. “É natural que tenha mais gente quando o tempo está bom, como naquele dia, mas em todo os meus anos de montanhista nunca enfrentei uma espera tão grande”, explica.

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A opinião do montanhista octogenário Henrique Paulo Schmidlin, conhecido no meio como Vitamina, é de que realmente falta estrutura. “Tem que ter mais sinalização, por exemplo, e acho que as trilhas oficiais deveriam ser pavimentadas. Assim corre-se menos risco de expansão do percurso”, comenta. Um exemplo de trilha com trechos pavimentados e funcionando de maneira bem-sucedida, segundo ele, é o Caminho do Itupava. Vitamina é membro do Clube Paranaense de Montanhismo (CPM), uma das maiores personalidades do montanhismo paranaense e já foi Curador do Patrimônio Natural do Paraná por mais de uma década.

Outros itens importantes que faltam, segundo o especialista, são placas de identificação das trilhas e sobre onde descartar o lixo, passarelas, pontes, e até banheiros químicos e bases aéreas nos pontos mais frequentados. Para Schmidlin, a maneira de conseguir fazer essas melhorias seria mobilizar a iniciativa privada para o apoio financeiro.

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Conscientização

Há também a questão da falta de conscientização de parte dos trilheiro. “As pessoas não têm a informação necessária para subir. Nos pontos de base, deveria ser repassado o básico, como os equipamentos mínimos e o que fazer e não fazer em meio a natureza”, avalia Maria Julia.

Mesmo assim, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), afirma que todos os visitantes que passam pelas bases do órgão são orientados por funcionários do quadro ou terceirizados. Isso seria feito nos Parques Estaduais, Serra da Baitaca, Marumbi, Pico Paraná e Pau Oco. Segundo Guilherme Vasconcellos, diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas do IAP, “vale frisar que em alguns morros têm vários acessos através de caminhos alternativos e propriedades particulares, e por isso muitos visitantes acabam não fazendo o cadastro ou recebendo a orientação”.

Os cadastramentos são necessários para garantir a segurança dos montanhistas, já que além dos nomes completos e telefones, é preciso informar a data de entrada e saída na trilha. Dessa forma, caso os visitantes não voltem na data informada, são enviadas equipes de resgate.

Além disso, o órgão afirma estar planejando fazer a homologação de guias para atuarem nos parques de montanha - da mesma forma que é feita no Parque Estadual de Vila Velha, em Ponta Grossa. Porém, não há previsão de quando isso deve acontecer.

Visibilidade

Ainda de acordo com Maria Julia, o público cresceu muito principalmente por causa da visibilidade desse tipo de passeio nas redes sociais: “Com certeza é uma modinha. Tem muita gente que vai despreparada, sem calçado adequado, sem garrafa de água. Já vi gente pegando água de poça da chuva na subida ao Pico Paraná, que é o morro com a subida mais longa do estado”.

A opinião é compartilhada por Alexandre da Silva, montador de móveis, que tem feito trilhas semanalmente desde o início de 2017. Ele também enfrentou filas no mesmo feriado, no morro do Anhangava. “Esse tipo de situação tem se acentuado acontecido nos últimos meses. Já do início do ano passado para cá é perceptível um aumento muito grande no número de visitantes - muito por causa da divulgação nas redes sociais”, avalia.

Junto com o aumento do público, veio o aumento da largura de algumas trilhas no Pico Paraná, por exemplo. De acordo com Silva, do ano passado para cá já notou-se que o caminho do local já não está mais tão estreito, porque os visitantes não conseguem se manter no meio, segurando nas vegetações laterais. Já Maria Julia notou a ampliação do espaço de acampamento do pico: “Quando as pessoas sem consciência ambiental chegam no cume e veem que já está cheio de barracas, muitas desmatam a região para poder acampar por ali”, reclama.

Mutirão da montanha

Para auxiliar a conscientização dos aventureiros, a Federação Paranaense de Montanhismo (Fepam) fará um mutirão no Pico Paraná neste sábado (22). A ideia dos organizadores - em sua maioria montanhistas há muitos anos - é fazer ações de educação e preservação com quem estiver pela região. Também haverá ações de limpeza ao longo das trilhas, lagos e carregamento de água para eventuais. O evento ocorre das 7h às 18h, e está aceitando a inscrição de voluntários para os trabalhos na data. Mais informações e caronas para o local podem ser conferidas na página do evento no Facebook ou entrando em contato com a Fepam no perfil da federação.

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