Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
atividade econômica

2012 prometia, mas até agora não entregou

Crise, endividamento das famílias e falta de investimentos adiam recuperação da economia. E o PIB deve crescer menos da metade do que se esperava

Para a CNI, retomada da produção industrial ficou para 2013 | Felipe Rosa/ Gazeta do Povo
Para a CNI, retomada da produção industrial ficou para 2013 (Foto: Felipe Rosa/ Gazeta do Povo)

A cinco meses do fim do ano, a tão esperada recuperação da eco­­nomia no segundo semestre parece cada vez mais difícil. A indústria não consegue retomar o ritmo de investimentos, o comércio dá si­­nais de perda de fôlego, o con­­sumidor está mais cautelo­­so na hora de comprar e as exportações, embora favorecidas pelo dólar mais caro, ainda precisam driblar a desacele­­ração da demanda internacional. Estimativas do mercado dão conta de que o Produto In­­terno Bruto (PIB) deve crescer entre 1,5% e 2% – contra uma previsão, no início do ano, de 4,5%. A sensação geral para indústria, comércio e con­­sumidores é de que a economia de 2012 está entregando menos que prometeu.

A taxa de desemprego continua baixa, a renda continua a crescer, ainda que em ritmo menor, mas a economia não deslanchou, influenciada pela crise internacional e por condições internas, como o endividamento das famílias e a falta de investimentos públicos e privados.

Os analistas de mercado apontam para um crescimento da economia da ordem de 1,9%, contra os 2,7% registrado no ano passado. Sem contar com a queda de 0,33% em 2009, essa seria a pior taxa desde 2003, quando a economia cresceu 1,15%. E pela primeira vez a economia brasileira terá baixo crescimento aliado a baixa taxa de desemprego, de juros e inflação controlada.

Depois de andar de lado no pri­­meiro semestre, a expectativa era de que uma arrancada na segunda metade do ano pu­­desse pelo menos fazer o país repetir o crescimento de 2011. O ministro da Fazenda, Gui­­do Mantega, chegou a se ir­­ritar, em junho, com a previ­­são do banco Credit Suisse de um avanço de 1,5% para 2012 e atribuiu a análise ao fato de a instituição ser europeia. Mas a indústria e o comércio vêm revisando para baixo suas estimativas para esse ano.

Consumo não basta

Para Julio Suzuki, dire­­tor­­­­ de pesquisa do Ins­­titu­­to­­ Paranaense de Desen­­vol­­vi­­­­mento Econômico Social (Ipardes), um sinal preocupan­­te é que a demanda interna co­­meça a recuar e afetar o co­­mércio, até então relativamente protegido da crise.

"Não dá para sobreviver só de consumo. O setor terciá­­rio começa a sentir os efeitos do endividamento das famílias, que já bate no teto", afirma. Segundo ele, o Brasil é, de certa forma, vítima do seu próprio modelo econômico de cres­­cimento, sustentado nos últimos anos pelo crédito e pelo consumo. Com o aumento da inadimplência, o crédito ficou mais difícil e escasso, o que ajuda a inibir o consumo.

Para reativar a economia, o governo lançou mão de um ar­­senal de medidas, que incluíram desonerações, corte­­ de impostos, queda na taxa­­ de juros e aumento de linhas de financiamento para­­ empresas, mas a recuperação­­ será mais lenta do que se esperava, segundo Thais Marzola Zara, economista-chefe da Rosenberg Consultores Associados. "Te­­re­­mos uma ligeira melhora no­­ fim do ano, mas não será mui­­to expressiva. Haverá uma pio­­ra no mercado de trabalho, o que deve influenciar também o início de 2013", afirma.­­ A Rosenberg prevê um crescimento do PIB de 1,7% em 2012.

Crise lá fora

"O mar está revolto e o Bra­­sil não é uma ilha", diz o pro­­fessor de Economia José Guilherme Silva Viei­­ra, da Universidade Fe­­deral do Paraná, ao se referir aos efeitos da crise internacional. Para ele, o Brasil conseguiu crescer em bases fortes no passado principalmente em razão de um cenário internacional mais favorável. "Agora o país apresenta um dinamismo econômico inferior ao de outros emergentes", diz.

A desaceleração da economia também limita a capacidade de o governo apostar em novas desonerações, já que já há um impacto na arrecadação que pode vir a ameaçar a meta de superávit fiscal.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.