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 | Christian Rizzi
| Foto: Christian Rizzi

Itaipu

Embora Itaipu esteja localizada na Região Sul, a energia produzida pela usina é injetada no Sistema Interligado Nacional (SIN) e contabilizada para o sistema Sudeste/Centro-Oeste. A comercialização da energia é feita pela Eletrobrás. Mesmo como o reforço de Itaipu, que produz 17% da energia consumida no Brasil e cujo reservatório encerrou a semana passada com 78% de capacidade, o Sudeste, considerado a caixa d’água do setor elétrico brasileiro, vive uma situação crítica em relação à capacidade de geração. Segundo Fábio Cuberos, da consultoria Safira, em menos de um ano o setor perdeu 40 mil MW em capacidade de geração em consequência da estiagem que castiga os reservatórios desde 2013.

Redução espontânea de 10% do consumo afastaria risco de racionamento

A cada dia que passa e o governo não coloca em prática uma campanha de incentivo à economia de energia, cresce o risco de racionamento. Apesar da relutância em admitir o problema, o governo prepara para depois do carnaval uma campanha de estímulo à economia. Segundo Erik Eduardo Rego, diretor da Excelência Energética, uma redução espontânea de 10% no consumo seria suficiente para afastar uma crise no fornecimento de energia, mas não é algo simples de conseguir.

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A menos de três meses do fim do período úmido, o racionamento de energia passou de ameaça distante a risco quantificado em números. Os reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste – que respondem por 70% da geração do país – precisam chegar ao final de abril com 30% da capacidade para que o país consiga, com certo sufoco, atravessar o inverno sem restrições no fornecimento de energia – na última semana as represas da região armazenavam apenas 16% do limite máximo. Se não chover de forma consistente, sobretudo em fevereiro e março, não haverá economia de energia capaz de livrar o país da restrição no fornecimento e das suas consequências, avaliam especialistas do setor.

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Considerando que as previsões têm se mostrado mais otimistas que a realidade, seria necessário praticamente um dilúvio para amenizar a situação do setor até abril. O volume de água que chegou aos reservatórios do Sudeste em janeiro foi de apenas 38,04% da média histórica para o mês, o pior resultado dos últimos 84 anos. Para fevereiro, a estimativa do Operador Nacional do Sistema (ONS) é de chuvas equivalentes a 52% da média histórica, com as represas das hidrelétricas da região encerrando o mês com 19,4% de capacidade, número bem abaixo do ideal. "Precisa chover em fevereiro e março pelo menos 80% da média histórica para cada mês para que os reservatórios cheguem ao fim de abril com água suficiente para aguentar até o próximo período úmido, que começa em outubro", avalia Erik Eduardo Rego, diretor da Consultoria Excelência Energética.

Abastecido pelas águas do Rio São Francisco, o reservatório da Usina de Três Marias, em Minas Gerais, tinha apenas 10,6% de água armazenada no fim da última semana. Das usinas pertencentes ao sistema Sudeste/Centro-Oeste, a de Furnas, no Rio Grande, está com apenas 9,5% do seu limite máximo de armazenagem. Há um ano, estava com 46,2%. Outras usinas como Nova Ponte, Itumbiara e Marimbondo, armazenam pouco mais de 10% da sua capacidade – nível abaixo do qual a geração fica quase inviável. Nesta situação, serão necessários de dois a três anos de chuvas dentro ou acima da média para recompor o nível dos reservatórios, período em que as térmicas continuarão despachando sem parar, encarecendo o preço da energia, avalia Fábio Cuberos, diretor de Regulação da Safira.

Probabilidade

Mantido este cenário hídrico, e sem nenhum movimento urgente de estímulo à economia, o racionamento é praticamente inevitável. De acordo com cálculo da consultoria Excelência Energética, a probabilidade de restrição no fornecimento em 2015 é de 29% para a região Sudeste e 28% para a região Sul. A demanda em alta até o fim do verão também aumenta as chances de novos apagões como o que ocorreu no último dia 19 de janeiro. Neste caso, o risco é de 69% para a região Sudeste e 68% para o Sul do país.

Na avaliação de analistas do setor, se houver necessidade de um racionamento – e tudo caminha para isso – ele não será tão severo quanto o de 2001, quando a redução média do consumo foi de 20%. Neste ano, estima uma retração entre 5% e 10%. O impacto da crise no fornecimento seria capaz de comprometer o frágil crescimento do país. Segundo cálculo do Banco Brasil Plural, um racionamento da ordem de 5% estendido ao longo de 12 meses levaria a uma retração de 0,7 ponto porcentual no Produto Interno Bruto (PIB), número que saltaria para 1,4 ponto porcentual em caso de uma restrição de 10% do consumo atual.

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