
Pise fora do trem aqui e será impossível deixar de ver as placas nas lojas: Mundo dos Diamantes, Galeria dos Diamantes, Criações com Diamantes, ou apenas Diamantes. Mais adiante, encontram-se placas e cartazes com os simples dizeres: "Antuérpia Adora Diamantes".
Embora este porto belga tenha um caso de amor com os diamantes há séculos, ultimamente ele parece estar perdendo um pouco dessa paixão. Há anos, muito do negócio lucrativo mas de trabalho intenso de cortar e polir pedras tem se desviado para centros de mão de obra barata em Mumbai, Dubai e Xangai, cidades de países emergentes.
Além disso, nos últimos anos, comerciantes de diamantes têm sido acusados de violações, incluindo fraudes no imposto de renda, lavagem de dinheiro e evasão de tarifas alfandegárias ao comprar e vender as pedras.
Os comerciantes locais se deram conta da ameaça. Este ano, eles embarcaram no que a mídia local descreveu como "ofensiva de charme". Em um programa com 160 páginas, chamado Projeto 2020, o World Diamond Center, associação que promove o setor, fez planos para atrair os negócios de volta para Antuérpia ao simplificar e acelerar as vendas via sistemas online. Com isso, a indústria espera recuperar um pouco dos negócios de polimento perdidos para os países asiáticos com novas tecnologias como polidores automatizados de diamantes e, de maneira geral, esperam polir a imagem do mercado de diamantes aos olhos cansados do consumidor.
"Esse é nosso ponto forte", explicou Ari Epstein, 36, advogado que é executivo-chefe do World Diamond Center e filho de um comerciante de diamantes, cujo pai emigrou de um vilarejo na Romênia nos anos 60. "Nós temos massa crítica para que todo diamante encontre um comprador e um vendedor."
Antuérpia de maneira nenhuma deixou de lado seu amor pelas gemas. No geral, o mercado aqui emprega oito mil pessoas e gera empregos indiretos para outras 26 mil como agentes de seguro, banqueiros, seguranças privados e motoristas. No ano passado, o faturamento nos negócios locais de diamantes chegou a US$ 56 bilhões, segundo Epstein, seu melhor ano de negócios da história.
Na rua de baixo do escritório de Epstein, Danny Meylemans, 39 anos, polidor de diamantes (da quarta geração), batalha no front mais vulnerável a invasões estrangeiras. "Em Antuérpia, nós temos poucas centenas de polidores", contou ele. "No final dos anos 60, havia mais de 20 mil." Mesmo assim, o futuro de Antuérpia não depende apenas do comércio de diamantes, ele insistiu, mas de lapidá-los também, se ele se concentrar no mercado de bens mais preciosos. "Nós ainda temos o conhecimento, a experiência e a paciência para trabalhar com pedras difíceis e muito caras."



