
O novo iMac, apresentado dez dias atrás pela Apple, teve um lançamento modesto e gerou pouca repercussão. Paradoxalmente, isso chama a atenção. Os produtos da "grife da maçã" chegam geralmente ao mercado em meio a tanto estardalhaço que a indiferença do mundo da tecnologia para com seu novo desktop causa estranheza. Investigadas as razões do fenômeno, chega-se à conclusão de que o iMac não atrai muitos olhares simplesmente porque não merece.
Não que o computador seja ruim, longe disso, mas o fato é que ele não representa um avanço real da informática. O iMac passou por uma cirurgia plástica, um facelift que o deixou mais bonito que seu antecessor característica que é encarada como obrigação por consumidores da Apple. Os "macmaníacos", como são chamados os fanáticos por equipamentos da marca, exigem beleza e qualidade na mesma medida quando vão comprar um produto. Eles foram mal-acostumados, por assim dizer, por Steve Jobs e seus subordinados na Apple, que sempre se esforçaram em oferecer o estado da arte tecnológica embalado num design irresistível.
Para piorar, à primeira vista, o novo iMac, que chega ao Brasil no fim de setembro, nem é tão diferente do modelo encontrado hoje nas lojas. Salta aos olhos o acabamento em alumínio, que substitui o plástico branco, mas o formato é praticamente o mesmo mantendo os componentes atrás da tela. Esse desenho que representa um dos grandes trunfos da Apple, pois elimina a necessidade de um gabinete externo foi aperfeiçoado: a nova geração consegue ser ainda mais estreita que a anterior. O vidro que recobre o display de cristal líquido (LCD) é outro ponto positivo, pois o material é menos suscetível a riscos que o acrílico usado nas gerações passadas.
Outra novidade externa é o novo teclado, que ficou extremamente fino e sensível. De acordo com relatos dos primeiros usuários, a falta de um controle de altura no acessório incomoda. O teste realizado pelo portal especializado CNET (www.cnet.com) ressalta, entretanto, que o peso extra do alumínio impede o teclado de ficar deslizando sobre superfícies lisas e ganhando um ponto extra no quesito ergonomia.
Em tempos de aquecimento global, a opção pelo metal para substituir o plástico também tem justificativa ecológica. A Apple, é bom lembrar, está na mira do Greenpeace como uma das companhias que pouco se preocupam com o meio-ambiente. "O alumínio e o vidro são materiais fantásticos", disse Jobs, na apresentação do iMac. "Eles foram escolhidos sob o ponto de vista da sua capacidade de reciclagem."
Por dentro
A capacidade de armazenamento aumentou significativamente, e o novo iMac é capaz de ser equipado com até 4 gigabytes (GB) de memória RAM e 1 terabyte (TB), ou 1 mil GB, de disco rígido. Mas a realidade inicial é a seguinte: três versões, sendo duas com tela de 20 polegadas e uma com 24 polegadas, todas com 1 GB de RAM previamente embarcados, além de HDs com 250 GB ou 320 GB. O processador, no caso dos modelos de 20 polegadas, é o Intel Core 2 Duo, de 2 ou 2,4 gigahertz (GHz), e a placa gráfica ATI Radeon, de 128 ou 256 megabytes (MB). O top de linha ainda pode vir com um superchip Inter Core 2 Extreme, de 2,8 GHz.
Por fim, o novo iMac é capaz de se conectar a redes sem fio usando a tecnologia wi-fi mais moderna (802.11n) e tem Bluetooth 2.0, inclusive como opcional para teclado e mouse wireless. Nos Estados Unidos, onde custa entre US$ 1,2 mil e US$ 2,3 mil, a nova geração (a quinta, mais especificamente) do iMac talvez seja a mais preparada para enfrentar os onipresentes PCs com Windows. No Brasil, é outra história. Aqui o modelo básico não deve sair por menos de R$ 6,5 mil e o mais completo, R$ 12,4 mil, o que ainda o deixa muito além da concorrência. Um produto de grife, portanto..



