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A Silicon Graphics, dos supercomputadores à extinção

Cena de Jurassic Park: máquina que criou os dinossauros fez uma “ponta” no filme | Divulgação
Cena de Jurassic Park: máquina que criou os dinossauros fez uma “ponta” no filme (Foto: Divulgação)

Londres - Em meados dos anos 90, a Silicon Graphics (SGI) era a empresa do momento na área de computação. Inclusive na ficção: suas máquinas trouxeram à vida o temido T-1000 em O Exterminador do Futuro 2. E quando o adolescente Lex Murphy (vivida pela atriz Ariana Richards) falou "É um sistema Unix, eu conheço isso" em Jurassic Park, ela estava diante do mesmo tipo de computador que tinha sido usado para desenhar os dinossauros do filme. Mas nada dura para sempre: a empresa quebrou – um evento corporativo que pode ser também um marco para a extinção dos supercomputadores.

Quando a companhia entrou com um pedido de falência na corte de Nova Iorque, na quarta-feira passada, ela já era uma memória distante para os produtores de filmes. O único interessado nos ativos da SGI era um fabricante relativamente desconhecido de servidores para companhias de internet. E a Rackable Systems teve de pagar apenas US$ 25 milhões por uma companhia que chegou a valer US$ 7,4 bilhões quando estava no auge.

O fim da SGI começou há dez anos. Clientes da área de animação digital começaram nessa época a comprar estações de trabalho Windows, que eram alternativas mais baratas àquelas fornecidas pela companhia. A SGI decidiu então concentrar-se na computação de alta performance, ou de supercomputadores. Mas a tendência de levar a computação para PCs e blade servers acabou com o negócio. Earl Joseph, vice-presidente de análise da empresa de pesquisas IDC, diz que mais de 65% do setor está agora em clusters de PCs. No ano passado, as vendas da Dell nesse mercado foram quase cinco vezes maiores do que as da SGI.

Hardware especializado não é popular nas produtoras, diz Simon Robinson, diretor de tecnologia da empresa de criação de efeitos The Foundry. "O hardware precisa ser padrão porque nosso mercado final é de empresas que construíram os seus próprios sistemas ao longo dos anos", diz. E essas empresas, as produtoras, não podem se dar ao luxo de jogar fora todo o seu hardware sempre que uma nova máquina de alta performance surge na praça. Em vez disso elas gradualmente acrescentam poderosas máquinas de multiprocessamento, e lentamente aposentam as velhas. E há o desafio do software. Embora alguns usuários de supercomputadores tenham se voltado para fornecedores como HP e IBM para assumirem o trabalho, outras simplesmente desenvolvem os seus próprios programas, já que o hardware agora é padronizado.

Graças à chegada dos processadores de quatro núcleos (quad-core), a performance dos supercomputadores e clusters mais recentes parece bom no papel, mas não na prática. No serviço nacional de supercomputação do Reino Unido, o Hector, um upgrade vai reduzir a velocidade de cada processador individual em cerca de 15%. Mark Parsons, diretor comercial do Centro de Computação Paralela de Edinburgh, reclama que a banda de memória está subindo apenas 20%, de 10 Gbps para 12 Gbps. Em vez de dividir 10 Gbps por dois processadores, o upgrade levará quatro processadores a "brigar" pelo acesso a 12 Gbps.

A SGI pretendia usar novas tecnologias para construir máquinas de melhor performance. A Rackable Systems tem-se mantido em silêncio em relação a seus planos para a SGI – ela ainda pode passar a companhia recém-comprada adiante. Se mantiver os planos em dia, no entanto, a empresa que absorver a SGI ainda pode tomar parte na evolução dos próximos supercomputadores.

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