
O sonho do laptop próprio pode estar mais perto do que se imagina. Depois do sucesso do programa Computador para Todos, que isentou de impostos marcas de desktops (computadores de mesa) ditos populares, agora chegou a vez dos notebooks. Há poucos dias, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) publicou uma portaria na qual sugere mudanças na configuração do programa do governo, de forma a incluir os micros portáteis com preço limite de R$ 1,8 mil para venda direta ao consumidor.
O benefício, que vai levar cerca de três meses para valer, inclui o financiamento de notebooks através do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. A idéia é, assim como aconteceu com os micros de mesa, alavancar as vendas de portáteis com o acirramento da concorrência.
É a segunda boa notícia do ano para quem desejava adquirir seu laptop mas considerava os preços proibitivos. No lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o limite para isenção de PIS e Cofins para a venda de computadores passou de R$ 2,5 mil para R$ 4 mil (no caso dos desktops) e de R$ 3 mil para R$ 4 mil (para notebooks).
Ainda no terreno dos desktops, o MCT propôs mais uma mudança: a possibilidade de os micros de mesa utilizarem dois tipos de processadores (de 1,2 GHz e memória cache de 256 Kb ou de 1,4 GHz e memória cache de 128 Kb).
Financiamento baixo
O MCT também decidiu propor uma diminuição no valor máximo do financiamento para desktops: de R$ 1,4 mil para R$ 1,2 mil. Ainda segundo o ministério, o programa Computador para Todos foi responsável por 25% das vendas de computadores de mesa no Brasil desde que foi criado, no segundo semestre de 2005. Foram 530 mil unidades vendidas através do programa.
Em 2006, a venda de microcomputadores no Brasil bateu recorde: foram 8,6 milhões de unidades comercializadas, um aumento de 46% do mercado em relação aos números de 2005. Outro benefício, diz ainda o MCT, foi a diminuição da participação do mercado cinza.
Da mesma forma que os desktops, os laptops financiados pelo governo federal terão de rodar sistema operacional Linux (que tem código-fonte aberto), já que a licença do Windows poderia encarecer muito o produto. Outra exigência do programa é a fabricação das máquinas em solo nacional, visando ao estímulo da indústria brasileira.
Segundo o secretário de Políticas de Informática do Ministério da Ciência e Tecnologia, Augusto Gardelha, "o uso de programas gratuitos, sem pagamento de licenças de uso, e a redução de impostos, deverá fazer com que empresas possam oferecer computadores portáteis de qualidade a R$ 1,8 mil".
A configuração mínima dos notebooks que participarão do programa deve incluir processador de 1,4 GHz, 512 MB de memória RAM, disco rígido (HD) de no mínimo 40 GB, unidade interna de DVD-ROM/CD-RW (o combo) ou DVD-RW e tela a partir de 14 polegadas, além de sistema operacional Linux.
O microcomputador ainda deve trazer pelo menos três portas USB 2.0 e compatibilidade com tecnologias wireless, além de detalhes como alto-falante estéreo embutido. Por último, o notebook deve pesar no máximo três quilos.
Baixa adesão
Apesar de facilitar o acesso a computadores mais baratos em prestações a perder de vista, o índice de adesões ao financiamento do programa Computador para Todos ainda é muito baixo: foram apenas 11,5 mil micros financiados através da Caixa Econômica e do Banco do Brasil.
Para o MCT, no entanto, a procura pequena não chega a ser um problema, uma vez que o objetivo principal do programa foi (e está sendo) cumprido: estimular a concorrência e baixar o preço dos equipamentos.
Uma das razões para o problema pode ser o uso do sistema operacional Linux, ainda um ilustre desconhecido para a maior parte dos usuários. Mesmo assim, o governo não pensa em deixar de insistir no uso do software livre, já que ele garante os preços mais baixos dos equipamentos.



