
Há anos, o exército e algumas agências governamentais americanas usam robôs especializados para desarmar bombas e realizar outras missões perigosas. Recentemente, tais sistemas ajudaram a selar o poço de petróleo da BP que vazava no Golfo do México. Atualmente, com custos cada vez menores, os novos desafios dessa nova tecnologia alcançam escritórios, hospitais e residências.Robôs móveis estão sendo utilizados atualmente em centenas de hospitais em todos os EUA como olhos, ouvidos e vozes de médicos que não conseguem estar fisicamente naqueles locais. Os robôs estão sendo empregado em locais de trabalho e permitem que funcionários se comuniquem mais facilmente entre si e permitam que gerentes supervisionem seu serviço à distância. Além disto, os robôs estão sendo utilizados como "cuidadores" em centros de vivência assistida. "Os computadores estão começando a ganhar rodas e a passear por ambientes", disse Jeanne Dietsch, técnico em robótica e co-fundador da MobileRobots Inc., uma fabricante de robôs em Amherst, New Hampshire, ligada à Adept Technologies.
Os céticos dizem que essas máquinas não representam desenvolvimento maior do que a teleconferência em vídeo. Todavia, os defensores dizem que a experiência é melhor, transferindo o controle sobre o espaço e o tempo para o usuário remoto.
Por enquanto, a maioria dos robôs, às vezes chamados de robôs de telepresença, é um pouco mais do que marionetes com fios longos e invisíveis. Entretanto, alguns modelos têm inteligência artificial que lhes permite fazer algumas coisas por conta própria, e eles ficarão mais inteligentes e ágeis. Eles não apenas representarão os usuários humanos, como também os aumentarão. "A beleza da telepresença móvel é que ela desafia a noção do que significa estar em um lugar", diz Colin Angle, chefe-executiva de uma das maiores fabricantes de robôs, a iRobot.
Humanos são educados
"Fico muito magro nesta roupa nova", disse Mike Beltzner, quebrando o gelo numa sala com programadores do Vale do Silício. Em carne e osso, ele está a mais de 3.000 quilômetros dali, em Toronto, com seu gato. Mas nessa reunião seu rosto aparece numa tela de 15 polegadas encima de uma máquina de alumínio que lembra um aspirador de pó vertical. De fato, enquanto seu robô passeia pela sala como se estivesse varrendo o chão.
Beltzner encaminha o robô para uma grande mesa de reunião na sede da Mozilla Corp., desenvolvedora do popular navegador Firefox, em Mountain View, Califórnia. Afastando e aproximando o olho de sua câmera, ele pode ver a sala inteira e conversar confortavelmente com a equipe reunida.
Uma hora antes, Beltzner, diretor do Firefox, estava logado em outro robô do outro lado do prédio para participar de uma reunião semanal. Com um colar de flores rosa em um ombro e uma boina no outro, o robô estava cercado por mais de 100 jovens engenheiros de software, cada um com um laptop conectado via conexão sem fio.
Quando a reunião termina, o "Robo-Beltzner" como o chama um dos colegas participa das rodinhas na grande sala. Então ele faz uma pirueta habilidosa e conduz o robô, feito pela Willow Garage de Menlo Park, Califórnia, a uma estação de recarga.
Como muitas empresas do Vale do Silício, a Mozilla possui funcionários em todo o mundo, e em um mês desde que começou a testar o sistema, dez funcionários se logaram no robô para completar tarefas, conversar e frequentar reuniões.
Beltzner utiliza o robô da Willow Garage há mais de um mês, normalmente quatro a seis vezes por semana para participar de reuniões e conversar com seus colegas de trabalho em Mountain View. Ele acha uma experiência muito diferente de uma teleconferência por vídeo ou um sistema de chat no computador. "Com o robô, acho que tenho o mesmo tipo de conexão interpessoal e o mesmo tipo de contato não-verbal que eu teria se estivesse na sala", disse.
Há algumas desvantagens em se utilizar robôs, dizem os funcionários da companhia, embora Erica Jostedt, uma gerente de comunicações da Mozilla, observe que o Beltzner virtual é mais rude do que seu colega canadense de carne e osso. "Eu chego em uma reunião com ele, e ele nem abre a porta para mim!", diz ela, rindo.
O robô, obviamente, não tem braços.
Quando o doutor está longe
Todas as manhãs durante o último ano, o robô de Chad Evans sentou-se de costas para uma rodovia num corredor duplo de cubículos ocupados pelos designers de software da Philips Healthcare em Foster City, Califórnia. Evans, que também é designer de software, está a mais de 3 mil quilômetros de distância, em sua casa, em Atlanta. Mas o "Chadbot", um protótipo de 1,2 metro de altura construído pela RoboDynamics de Santa Monica, Califórnia, permite que ele more onde desejar e trabalhe no horário da Costa Oeste.
Quando Evans precisa ir a uma reunião em Foster City ou visitar um colega, ele conduz o robô para uma mesa ou sala de reunião. Se alguém estiver disposto a ajudá-lo apertando os botões do elevador, ele pode até visitar outros andares. "Estou simplesmente sentado aqui como estaria na minha mesa se estivesse no escritório. Vejo pessoas entrando e saindo, elas me veem e pensam: Ah é, eu queria perguntar uma coisa para o Chad", comentou.
Mas é em hospitais que os robôs mostram sua faceta mais útil. Eles estão sendo utilizados atualmente em centenas de hospitais em todos os EUA como olhos, ouvidos e vozes de médicos que não conseguem estar fisicamente naqueles locais. Os robôs estão sendo empregado em locais de trabalho e permitem que funcionários se comuniquem mais facilmente entre si e permitam que gerentes supervisionem seu serviço à distância. Foi a um deles que o neurologista Alan Shatzel recorreu quando foi acionado por um hospital de Sacramento para decidir, rapidamente, se administrava ou não uma droga anticoagulante a um paciente que havia sofrido um derrame. Essa ação poderia representar a diferença entre a vida e a morte.
O médico guiou a máquina de quase 2 metros, que possui um monitor no lugar da "cabeça", até o quarto paciente em Bakersfield, a quase 500 quilômetros de distância. Seu rosto apareceu no monitor e sua voz podia ser ouvida nos caixas de som do aparelho. Shatzel fez um aceno para a enfermeira e se apresentou ao neto do paciente, explicando que iria questionar o paciente para determinar se ele poderia receber ou não a droga. A audição estereofônica do robô captou as respostas. Utilizando a câmera hipersensível do monitor, Shatzel deu zooms e girou o monitor para a direita e esquerda, como se estivesse girando a cabeça para examinar a sala. Ele instruiu a equipe a administrar o medicamento.
"Tivemos um bom resultado", disse, mais tarde.
Tradução: Thiago Ferreira






