A troca do presidente do Banco do Brasil, anunciada nesta quarta-feira (8), provocou preocupação no mercado, depois que o governo anunciou prioridade para acelerar a queda dos juros. No entanto, as ações do banco voltaram a cair nesta quinta-feira (9). Em dois dias, os papéis do BB caíram 10,75% na bolsa de valores.
Os investidores reagiram mal à troca, determinada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Maior acionista do banco, o governo quer que a nova administração empreste mais dinheiro à custo mais baixo, diminuindo o spread, que é a diferença entre o que o banco cobra para emprestar e o que ele paga para captar dinheiro.
Temor
O maior temor dos críticos dessa interferência do governo é que o Banco do Brasil deixe de ser um banco de mercado, eficiente, que dá lucro, e volte a ser um banco limitado às conveniências políticas do governo. Foi justamente por isso que o BB quase quebrou em 1995. Na época, o governo precisou injetar R$ 8,5 para sanear o banco, que passou por uma reformulação completa, se modernizou e começou a competir com os bancos privados.
O auge do sucesso foi em 2008, quando o lucro do Banco do Brasil atingiu US$ 3,76 bilhões, o maior do país. E lucro é o que desejam os acionistas do banco: tanto pessoas físicas quanto, por exemplo, os fundos de pensão - que investem em ações para garantir a aposentadoria futura de trabalhadores.
Críticas e respostas
Ex-funcionário de carreira do Banco do Brasil e ex-ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega critica a iniciativa do governo de forçar o BB a baixar o spread. "É uma interferencia indevida, ilegítima do acionista controlador sobre as operações do banco. As ações caíram porque cresce a percepção de que o governo está retrocedendo na maneira como trata o BB. Passou a interferir", diz ele.
Para Maílson, a medida vai trazer prejuízos porque o Banco do Brasil vai ficar mais exposto aos maus pagadores. "Ele vai pegar os piores clientes. Aqueles que vão para o banco só porque ele está sendo camarada. Está oferecendo mais crédito e a juros mais baratos. Os bancos privados, posso estar enganado, mas não vão nessa", analisa.
Já o ministro da Fazenda diz que como o governo é o maior acionista, ele tem direito a definir as diretrizes do banco. Ele negou que a medida vá provocar riscos ou prejuízos ao BB.
"Estamos falando de mais crédito e menos custo financeiro, que é o que todo mundo quer. Isso não vai comprometer o Banco do Brasil. Ele tem até tido lucratividade maior que outros bancos , ele vai continuar assim. Só que ele vai ganhar novos clientes. Os acionistas podem ficar totalmente tranquilos que vamos continuar imprimindo uma gestão responsável", afirma.



