O mercado de ações recebeu de forma fria o anúncio de que a Copel está perto de resolver os impasses em torno da termelétrica UEG Araucária. Segundo analistas que acompanham o setor elétrico, o preço das ações da empresa não deve ser alterado no curto prazo por causa do acordo entre os sócios na usina. A maior mudança provocada pelo negócio pode ocorrer apenas no ano que vem, quando a retirada de passivos do balanço da empresa deve liberar mais dinheiro para os dividendos.
"O acordo com os sócios na UEG foi em boa parte antecipado pelo mercado", diz o analista Renato Pinto, da Fator Corretora. Ele observa, porém, que as corretoras ainda trabalham com informações incompletas e extra-oficiais, o que dificulta uma projeção sobre o impacto da negociação na UEG no desempenho da Copel no longo prazo.
O anúncio do negócio foi feito pelo governador Roberto Requião durante a reunião do secretariado, na manhã de terça-feira. Ele disse que a empresa paranaense investirá US$ 190 milhões (R$ 408 milhões) para comprar a participação da multinacional El Paso na UEG a empresa americana tem 60% da usina, enquanto a Copel e a Petrobrás têm 20% cada uma. Além disso, Requião declarou que a termelétrica pagará, a partir de 2010, uma conta de R$ 150 milhões à Petrobrás.
"O Requião não poderia ter feito essas declarações. Os acionistas têm de receber informações completas da própria empresa, através de comunicados", afirma o analista Gustavo Gattass, do banco UBS Warburg. As corretoras têm dúvidas, por exemplo, sobre o financiamento da compra da parte da El Paso e a viabilidade técnica de geração da usina.
A negociação traz pontos positivos, segundo analistas. Pelo anúncio, a Copel reduziu uma dívida calculada em mais de R$ 500 milhões com a Petrobrás para apenas R$ 150 milhões e que serão pagos com a geração de caixa da própria usina.
Outra vantagem do acordo é que deve acabar a disputa em um tribunal arbitral de Paris entre Copel e El Paso. A multinacional pedia US$ 800 milhões em indenização por quebra de contrato. "A Copel limpa seu balanço e reduz o risco de investimento. Os únicos problemas são que a energia dessa usina ainda não tem comprador e a empresa não divulgou se terá de investir mais na UEG", afirma o analista Victor Ferreira, do BES Investimentos.



