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Vigilância sanitária

Aftosa no Paraguai põe defesa do Paraná à prova

Ministério da Agricultura suspende importações, que atingiram 14 mil toneladas de janeiro a agosto

Carne in natura é comercializada livremente no Mercado de Abasto, em Ciudad del Este | Christian Rizzi/ Gazeta do Povo
Carne in natura é comercializada livremente no Mercado de Abasto, em Ciudad del Este (Foto: Christian Rizzi/ Gazeta do Povo)

O caso de aftosa confirmado anteontem no Paraguai fez os governos federal e estadual reforçarem barreiras sanitárias, e desafia o Paraná a colocar em prática o plano de ampliação da vigilância travado desde o ano passado. O estado quer se tornar área livre de aftosa sem vacinação, mas admite a falta de pelo menos 130 agentes nas 33 barreiras instaladas nas divisas com São Paulo, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Paraguai e Argentina.

"O alerta deve servir para que aceleremos as contratações e a estruturação das barreiras", disse o diretor do Departamento de Fiscalização e Sanidade Agropecuária (Defis) do estado, o veterinário Marco Antonio Teixeira Pinto. Ele afirma que as contratações ainda não foram feitas porque o governo teve de respeitar o prazo de validade do concurso público realizado em 2007.

Com o risco sanitário ampliado, o governo do estado deve instalar nas próximas semanas a Agência de Defesa Agropecuária, que exige ampliação do número de agentes do setor, de 850 para 1,2 mil – há 350 vagas ao todo. Neste momento, parte do efetivo está sendo transferida para a região de Guaíra (Noroeste) a Foz do Iguaçu (Oeste). O número de agentes escalados não foi informado.

Além de reforçar a vigilância, o Ministério da Agricultura suspendeu as importações de animais vivos e produtos in natura, incluindo carnes. O Brasil vinha ampliando a importação de carne bovina paraguaia e já gastou em 2011 o mesmo valor das importações de todo o ano passado: US$ 34 milhões. O volume importando de janeiro a agosto chegou a 6,4 mil toneladas, ante 6,5 mil registrados em 2010, conforme a Secretaria de Comércio Exterior.

Os técnicos do Ministério da Agricultura foram orientados a não falar com a impresa sobre aftosa. Eles alegam que qualquer informação mal interpretada pode provocar alarde e prejuízos à pecuária brasileira. A Federação da Agricultura do Paraná (Faep) adotou a mesma postura.

Mato Grosso do Sul, estado brasileiro mais próximo do foco de aftosa paraguaio, e Mato Grosso também reforçaram a vigilância. Livre de aftosa sem vacinação e, por isso, com animais mais suscetíveis à doença, Santa Catarina decretou estado de emergência sanitária.

A doença – que não representa problema sanitário para a população – abate o rendimento de plantéis inteiros e, como suspende automaticamente as exportações, provoca prejuízos milionários. O Paraná ainda não conseguiu se recuperar da crise provocada pela suspeita de ocorrência de aftosa no estado em 2005. As exportações, que passavam de 30 mil toneladas ao ano, ficaram em 18 mil em 2009 e 22 mil em 2010.

"Dificilmente o Paraná terá aftosa dessa vez. Mato Grosso do Sul mantém uma faixa de 30 quilômetros de largura com vigilância extra e animais identificados; reforçamos as barreiras e praticamente todos os municípios contam com conselhos de defesa", argumenta o diretor do Defis. Mesmo assim, a Sociedade Rural de Toledo (Oeste), que realiza exposição agropecuária entre 11 e 16 de outubro, não vai receber animais da região da fronteira. "Não há animais inscritos dessa região. E todos os que forem inscritos terão documentação de origem e vacinação avaliada", disse o presidente da entidade, João Bombardelli.

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