Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
campo

Agricultura familiar espera ter menos entraves para crescer

Sudoeste espera Dilma Rousseff sob chuva e lama para anúncio de plano que deve garantir R$ 2,4 bi a pequenos produtores do estado

A tenda onde Dilma assinaria o milésimo contrato de habitação rural ficou inundada; cerimônia ocorrerá em escola | Albari Rosa/ Gazeta do Povo
A tenda onde Dilma assinaria o milésimo contrato de habitação rural ficou inundada; cerimônia ocorrerá em escola (Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo)

A região do Paraná que mais se expandiu economicamente a partir da agricultura familiar na última década espera hoje, sob chuva e lama, a presidente Dilma Rousseff para o anúncio do Plano Agrícola e Pecuária (PAP) 2011/12, direcionado a pequenos e médios produtores. A presidente deve chegar a Francisco Beltrão (Sudoeste) no início da tarde para confirmar R$ 16 bilhões para a temporada que começa nesta sexta e segue até 30 de junho do ano que vem, além de uma série de medidas que prometem destravar o acesso aos recursos.

A avaliação do setor é de que o PAP da agricultura familiar precisa avançar para acompanhar a evolução que ocorreu dentro das propriedades. "O produtor precisa de crédito para estruturar sua unidade produtiva como um todo, não só para projetos específicos", diz o secretário-geral da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Sul do Brasil (Fetraf-Sul), Diego Sigmar Kowald.

Tomando como exemplo o Sudoeste do Paraná, que se transformou na principal bacia leiteira do estado com a elevação do rendimento por animal, Kowald argumenta que o produtor se especializou e diversificou suas atividades, mas não pode evoluir sem acesso efetivo a um sistema de crédito abrangente. "O problema, neste momento, não é nem o volume de crédito, mas os problemas de acesso aos recursos", afirma.

No último ano, os pequenos e médios produtores do estado acessaram perto de R$ 2 bilhões – média de R$ 15 mil por contrato, valor ainda considerado baixo, suficiente para plantar dez hectares de milho ou comprar duas vacas leiteiras. A meta é elevar essa média para que a movimentação de recursos sustente as atividades atuais e permita investimentos em agroindústrias, por exemplo.

Não existe falta de crédito para investimento e produção no setor, argumenta o diretor de Geração de Renda e Agregação de Valor do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Arnoldo de Campos. Dos R$ 16 bilhões disponíveis na última temporada, apenas cerca de R$ 11 bilhões foram usados, considera. Ele chegou ontem a Francisco Beltrão para divulgar os detalhes do PAP da agricultura familiar, às vésperas da visita de Dilma. "Tivemos duas safras de preços bons e os produtores preferem investir recursos do próprio bolso a tomar empréstimos", afirmou. Campos admite que os produtores não usaram os recursos em boa medida porque os bancos estão mais seletivos, com restrições que tentam limitar a inadimplência. Por outro lado, ele defende que as mudanças no PAP vão rebater esses entraves.

Inadimplência

Segundo a Fetraf, a inadimplência atinge de 5% a 7% dos contratos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Isso significa que perto de 10 mil produtores não honraram financiamentos assumidos nos últimos anos. Conforme o MDA, esse índice estaria abaixo de 3% em âmbito nacional. "É o menor em todos os grupos atendidos pelo crédito rural", afirma Campos.

Dilma vai anunciar redução de 4% para 2% no juro anual para operações de investimento. Quando o valor for investido na produção de alimentos, essa taxa deve ser de apenas 1%. O limite por projeto, nos dois casos, será de R$ 130 mil, dependendo da capacidade de pagamento dos produtores.

Expectativa

A expectativa em torno da presença de Dilma em Francisco Beltrão deve-se ao fato de jamais um presidente da República ter visitado o município. Será também a primeira vez que a presidente vem ao Paraná depois de assumir o cargo. Os produtores comemoram ainda o fato de o laçamento do PAP da agricultura familiar estar ocorrendo numa região agrícola. O plano para o setor tradicionalmente é lançado em Brasília.

Ontem, o dia foi de adaptações na organização do evento. Os discursos da presidente, do governador Beto Richa e demais autoridades ocorrerão, como previsto, num ginásio de esportes com capacidade para 4 mil pessoas, que os sindicatos pretendem lotar transportando produtores com ônibus fretados em municípios da região, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Mas a assinatura do contrato de número 1.000 de habitação rural, que ocorreria em uma tenda, foi transferida para uma escola. A chuva de ontem alagou o terreno.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.