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O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que ocupa a presidência durante a viagem de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Ásia, criticou nesta segunda (24) as medidas protecionistas adotadas pelos Estados Unidos, como a a taxação de 25% sobre o aço brasileiro exportado para lá.
Alckmin defendeu o livre comércio e disse que o Brasil manterá a política de negociação sem litígios. Ainda de acordo com ele, o governo aguarda o anúncio das novas diretrizes comerciais do governo americano, previsto para 2 de abril.
“Vamos defender o multilateralismo. O Brasil não é um problema para os Estados Unidos, que tem superávit de US$ 25 bilhões com o nosso país. Nossa tarifa média sobre produtos americanos é de 2,7%”, disse o vice-presidente em evento do jornal Valor Econômico.
Geraldo Alckmin lamentou o aumento das tarifas sobre produtos brasileiros e ressaltou que, mesmo com as restrições, os Estados Unidos mantêm um saldo positivo na balança comercial bilateral, sendo que, entre os dez produtos mais exportados pelo Brasil, oito possuem tarifa zero.
No encontro recente com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, Alckmin defendeu uma maior integração nas cadeias produtivas. Segundo ele, mesmo com a elevação de 25% nas tarifas sobre o aço brasileiro, o Brasil continua sendo um dos principais compradores de carvão siderúrgico americano, o que demonstra complementaridade econômica entre os dois países.
“Defendemos o ganha ganha. Os EUA são importantes para o Brasil do ponto de vista comercial. É o país para quem mais vendemos produtos de valor agregado, como aviões, automóveis. Portanto, a orientação do presidente Lula é avançar nas negociações”, declarou.
Entre as soluções estudadas, disse, está a possibilidade de adotar uma cota de exportação para determinados produtos. De acordo com ele, antes havia uma tarifa de 18%, mas que permitia uma isenção até certo volume.
O presidente em exercício também defendeu a viagem de Lula ao Japão e ao Vietnã para expandir o comércio exterior pelo “livre comércio”. Ele ainda lembrou que a China é o maior mercado consumidor de produtos brasileiros e que os Estados Unidos são os principais investidores no Brasil, com mais de três mil empresas atuando no país.
Economia será foco da eleição de 2026
Alckmin aproveitou o seminário para adiantar a tônica da campanha eleitoral do ano que vem, que deverá ser centrada principalmente na economia. Ele, no entanto, não adiantou se seguirá na chapa de uma eventual tentativa de reeleição de Lula – “vamos aguardar”, pontuou.
“Numa eleição municipal, é muito cidade, manutenção, asfalto, buraco, iluminação, creche, o posto médico. Na eleição para o Estado, é segurança pública, infraestrutura, autoestradas, rede hospitalar. Já no governo federal, é o tema econômico que prevalece”, disse.
O vice-presidente também comentou sobre os principais avanços econômicos do governo, como a reforma tributária, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e a geração de empregos na indústria. Ele ainda destacou a preocupação com as mudanças climáticas e o impacto positivo de ações recentes, como o novo empréstimo consignado do setor privado, que entrou em operação na última sexta (21).
“Medida importantíssima, vai tornar o crédito mais barato para a iniciativa privada”, afirmou.
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Outra iniciativa mencionada foi a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil por mês, compensada por uma alíquota mínima para contribuintes de alta renda, que ganham acima de R$ 600 mil anuais.
“O ministro [Fernando] Haddad fez um trabalho muito bem feito, a política é neutra, [...] de tal maneira que não tenho problema fiscal e ajudo a distribuição de renda”, argumentou.
Alckmin também lembrou da eleição de 2022, afirmando que a vitória da chapa de Lula impediu uma suposta ameaça à democracia brasileira. “Se perdendo eleição houve tentativa de golpe, imagine se tivesse ganho”, completou.








