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A alta inadimplência é o efeito colateral da estratégia de popularização do crédito adotada pelo governo federal. Normalmente, os bancos reservam as linhas com juros mais baixos para os melhores pagadores – pessoas com nome limpo nos órgãos de proteção ao crédito e que mostram alguma garantia de que podem pagar. Ao atender quem não se encaixa nos critérios da análise de risco, a Caixa e o Banco Popular do Brasil preenchem uma lacuna, mas se expõem ao calote. Bancos privados e outras instituições não abrem mão de uma avaliação do histórico do cliente.

O programa de microcrédito mais abrangente do Paraná é o Banco Social, mantido pela Agência de Fomento do Paraná. Mesmo sendo do governo, o banco não faz empréstimos sem que o interessado se encaixe em alguns critérios, como ter seis meses de atividade e não contratar dívidas dentro da capacidade de pagamento. Pessoas treinadas pela agência com ajuda do Sebrae visitam quem pede empréstimo e dão orientações sobre a administração de pequenos negócios. O resultado é uma aplicação eficiente dos R$ 50 milhões disponíveis no Banco Social, com índice de inadimplência de 2,7%. "Se fosse mais alta, dificilmente seria mantida a taxa de juros de 1,5% ao mês", diz Cristina Stephanes, diretora de microcrédito da Agência de Fomento.

"Nosso objetivo é ajudar na geração de emprego e renda. O empréstimo é uma forma de aprimorar negócios em funcionamento, mesmo que informais", explica Cristina. O repasse de recursos é feito com ajuda das prefeituras, que cedem funcionários para fazer os cadastros e analisar o risco dos empréstimos. "Esses agentes são importantes porque, além de verificar a viabilidade do financiamento, ajudam as pessoas a gerir melhor os recursos", ressalta a diretora.

O mesmo estilo de trabalho foi adotado por outras duas organizações no Paraná, a Maringá Crédito Solidário e a Casa do Empreendedor de Londrina. Nos dois casos, o dinheiro é direcionado a empreendedores, formais ou informais, que querem impulsionar os negócios. A taxa de juros é sustentada abaixo de 4% ao mês porque a inadimplência também não chega a 4%. "Conseguimos um ponto em que pagamos os custos e o dinheiro gira com facilidade. Só falta um volume maior de capital para podermos trabalhar com juros menores para os clientes que pagam em dia", afirma Ângelo Roberto Sperini, gerente da Maringá Crédito.

As fontes de recursos para as organizações que trabalham com o microcrédito são as agências de fomento municipais, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e bancos privados. Para pedir crédito não é necessário ter conta corrente, nem a formalização do negócio. Apenas nome limpo nos órgãos de proteção ao crédito e um bom destino para o dinheiro.

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