A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) pretende lançar até meados deste ano a norma técnica para certificação e homologação de baterias para telefones celulares. As normas ainda estão em estudo dentro da agência e terão de passar por consulta pública quando estiverem prontas. A novidade vem à reboque das explosões de celulares que começaram a ser relatadas no ano passado. No último mês, foram três explosões, duas no interior de São Paulo e outra no Rio de Janeiro. Uma adolescente teve queimaduras de segundo grau e, nos outros dois casos, a explosão causou princípio de incêndio.
Sobre as explosões, a assessoria de imprensa da Anatel afirma que, na maioria das vezes, elas estão associadas a equipamentos recondicionados ou que entraram ilegalmente no país. Porém, em dois casos do mês passado, as peças e acessórios eram originais. Todos os casos recentes envolvem equipamentos da marca Motorola.
De acordo com o pesquisador Sebastião Sahão Júnior, diretor de Laboratórios e Infra-Estrutura de Redes do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), em Campinas, qualquer bateria, de celular ou não, está sujeita a explosão quando submetida a altas temperaturas. Ele lembra que esse aviso vem escrito nas próprias baterias.
- Durante o carregamento pode haver, por exemplo, um pico de tensão. Infelizmente, a tensão não é estável e pode causar uma sobrecarga. O problema pode ser também no carregador. Outro acidente comum é o usuário não saber que o carregador não é bivolt e colocar um que é para 110 volts em uma tomada de 220 volts - afirma Sahão.
Ele diz ainda que o mau uso também é responsável por acidentes.
- Não se pode deixar o aparelho ao sol, mesmo que esteja dentro da bolsa, nem no bolso ou no carro - afirma o pesquisador do CPqD.
Para Sahão, os fabricantes deveriam fornecer um manual de esclarecimentos.
- O celular se tornou indispensável, mas as pessoas ainda usam incorretamente. Ele deve ser levado na bolsa ou pendurado no cinto. Não em contato com o corpo - alerta.
No caso de explosão, ele recomenda que as pessoas usem luvas para pegar a bateria. O contato direto deve ser evitado por conta da alta temperatura e da eliminação de componentes químicos. Sahão, no entanto, ressalta que os casos de explosão são raros e as pessoas não devem entrar em pânico.
- Foram três casos entre quase 90 milhões de aparelhos em uso no país e será preciso investigar a causa do problema-diz, acrescentando que não descarta que a causa pode estar sim na própria bateria.
- É como uma panela de pressão. Ela está funcionando e, de repente, o bico entope. Ela explode. Qualquer bateria, não só o de celular, funciona com reações químicas, que levam à corrente de energia. Durante o processo, há liberação de gases e uma reação inadequada pode provocar a explosão - diz.
O pesquisador lembra ainda que todos os aparelhos celulares produzidos no país já obedecem a normas da Anatel e as pessoas devem evitar acessórios que não sejam originais do fabricante.



