A Lojas Santa Terezinha vende hoje os mesmos produtos que as demais varejistas. Mas a seu modo. Trabalha com marcas mais voltadas ao seu público das classes C, D e E , respeitando as peculiariades das cidades pequenas. A televisão de 29 polegadas, por exemplo, faz sucesso, mas ainda vende menos que a de 20 e apenas um pouco mais que a de 14. Com tela de LCD ou plasma, só por encomenda, por conta da baixa procura. Recentemente, a rede começou a vender computadores, mas o movimento não empolga. Telefones celulares saem bem, principalmente em Rondônia, onde a Brasil Telecom, parceira da empresa, é líder de mercado.
Curiosamente, a Santa Terezinha ainda vende muita antena parabólica, que há tempos foi abandonada nos grandes centros. Simples: onde a rede atua, tevê a cabo não chega e, para sintonizar bem os canais abertos, só com parabólica mesmo. Como mais de 80% do público assiste tevê via parabólica, não há sentido em fazer propaganda na televisão publicidade, só em rádio e na base da panfletagem e dos anúncios em carro de som.
História
Fundada em janeiro de 1955 por um ex-agricultor nascido no interior de São Paulo, a rede começou como uma loja de tecidos e calçados, que logo passaria a vender confecções fabricadas pela própria família do fundador. Começou a vender móveis e eletrodomésticos no início dos anos 70, entrando em um mercado promissor: o rádio já era comum, mas poucas pessoas tinham televisão e outros eletrodomésticos em casa.
Uma década mais tarde, a rede largou de vez as confecções e, a partir da primeira filial, em Wenceslau Braz, começou a se espalhar pela região. Na metade dos anos 80, apostou em um negócio que mantém até hoje: a produção de móveis e estofados. "O frete tem um peso importante no custo desses produtos. Aproveitamos a oferta de um amigo, que estava vendendo sua fábrica, e começamos a produzir nós mesmos", diz Francismar Regazzo, um dos três irmãos que hoje conduzem a empresa.
A atividade industrial se desenvolveu: o grupo tem hoje duas fábricas em Ibaiti e uma em Ariquemes (Rondônia), que empregam 200 pessoas. Inaugurada há quatro anos, a unidade rondoniense acabou por atrair em 2005 a rede varejista, que no estado adotou a marca Liberatti, a mesma usada nos móveis e estofados.
Francismar conta que uma das melhores épocas da rede foi no início do Plano Real, quando o fim da inflação impulsionou o consumo. "Boa parte do nosso público, pelo menos 30%, não tinha geladeira naquela época. E muita gente trocou a tevê. Televisão em preto-e-branco ainda era comum no interior", explica. (FJ)



