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O diretor-presidente da Vale, Fabio Schvartsman, sobrevoou a região atingida em Brumadinho (MG) no fim de semana. | Vale/Divulgação
O diretor-presidente da Vale, Fabio Schvartsman, sobrevoou a região atingida em Brumadinho (MG) no fim de semana.| Foto: Vale/Divulgação

As ações da Vale despencam 17,9% na Bolsa nesta segunda-feira (28), primeiro dia de funcionamento do mercado desde a tragédia de sexta (25). Também até a manhã desta segunda-feira (28), a Justiça de Minas Gerais e do Trabalho já tinham determinado quatro bloqueios de valores da Vale , num total de R$ 11,8 bilhões para ressarcir danos e perdas de forma geral. O valor representa quase metade de todo o caixa da Vale, conforme dados publicados em seu balanço mais recente, do terceiro trimestre de 2018. Mesmo assim, analistas não recomendam que investidores se desfaçam das ações da companhia.

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A Vale informou que foi já intimada da imposição de sanções administrativas pelo Ibama e pelo estado de Minas Gerais nos valores de R$ 250 milhões e aproximadamente R$ 99,1 milhões, respectivamente.  O último bloqueio foi determinado ainda na manhã desta segunda(28). Uma ação do procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Curado Fleury, que pedia o bloqueio de R$ 1,6 bilhão para pagamentos de salários e danos morais coletivos, foi deferida parcialmente. Assim, mais R$ 800 milhões do caixa da companhia foi bloqueado .

Os efeitos da tragédia nas ações da Vale

A empresa, terceira maior companhia de capital aberto do Brasil, pode acabar o dia com mais de R$ 50 bilhões de perda de valor – até a abertura do mercado, a Vale era avaliada em mais de R$ 290 bilhões . Na última sexta-feira (25), data da tragédia, os recibos de ações (ADRs) da empresa negociados na bolsa de Nova York despencaram 8%. A Bolsa brasileira esteve fechada devido ao feriado do aniversário da cidade de São Paulo.

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Mas a reação veio, como esperado, nesta segunda (28). A Bolsa abriu e as ações da companhia já despencavam 17,99%, puxando também o Ibovespa para baixo. O índice operava em queda de 2,24% a 95.493 pontos por volta das 14h17. A Vale tem peso de mais de 11% na composição do Ibovespa.

Não é hora de vender, nem de comprar

A recomendação das ações da companhia dividem os analistas. A Standard & Poor’s colocou a companhia em revisão, com viés negativo, e o Bank of America Merril Lynch também está revendo as recomendações aos papeis da companhia. No geral, no entanto, vários analistas não aconselham os investidores que possuem papeis da companhia a vender. 

Glauco Legat, analista-chefe da Necton, elencou seis pontos para explicar porque não recomenda a vendas as ações da Vale ainda. Ele lembra que dados de produção da Mina de Feijão indicam que ela correspondia a 1,5% da produção total da Vale, apenas, e que a companhia tem total condições de transferir a produção para outras unidades. O fato de o sistema logístico, que liga a Ferrovia Espírito Santo a Minas Gerais, não ter sido interrompido também ajuda neste aspecto. O analista também ressalta que após Mariana (MG), a Vale fez provisões da ordem de US$ 2,7 bilhões para potenciais ressarcimentos do caso.

Ao InfoMoney, o gestor Henrique Bredda, do Alaska Black, também não recomendou que os investidores se desfaçam das posições da companhia no momento. A gestora aplica parte de seu fundo na Vale, com posição intermediária de 8% a 10%.

O supervisor do Research da Ativa Investimentos, Pedro Guilherme Lima, também disse que a gestora mantém a recomendação de manutenção das posições na companhia. Embora os efeitos do rompimento da barragem em Brumadinho (MG) ainda estejam sendo mensurados, os demais números da companhia, como as perspectivas de aumento das distribuições aos acionistas, além de número externos, como as perspectivas de aumento na cotação e na produção de minério de ferro, ainda contam muito à favor da Vale.

Por outro lado, também não há consenso entre os analistas sobre a compra dos papeis. Como a avaliação das ações ainda está em revisão pela maioria das casas e o passivo do acidente em Brumadinho e dos possíveis riscos com outras barragens pode chegar ao “intangível”, Ivan Sant’anna, autor das newsletters de investimentos Warm Up Inversa e Os Mercadores da Noite, também disse que não é hora de comprar as ações da companhia.

Quem são os donos da Vale

Atualmente, segundo o portal de informação a investidores da companhia, a Vale tem 117.447 investidores pessoa física, 1326 investidores pessoa jurídica e 2.348 investidores institucionais.A Litel Participações S.A é quem concentra mais ações da companhia (19,14% ações ordinárias). Mais de 80% desta holding de investimentos está nas mãos da Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil, mas também há outros fundos participantes, como o Petros, o Funcef e o Fundação Cesp. Logo após a Litel, vem o BNDESPar, braço de participações do BNDES, com 7,89% das ações, seguido doBradesPAR, com 6,30%, e da japonesa Mitsui & Co, 5,42%. O governo federal ainda possui as 12 ações preferenciais da companhia. 

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Dividendos e remuneração a executivos é alterada

Como consequência dos bloqueios, o Conselho de Administração da Vale também decidiu mudar o sistema de remuneração e incentivos. Em fato relevante, a mineradora informa que o Conselho decidiu suspender o pagamento de remuneração variável aos executivos e também a Política de Remuneração aos Acionistas “e, consequentemente, o não pagamento de dividendos e JCP (juros sobre o capital próprio), bem como qualquer outra deliberação sobre recompra de ações de sua própria emissão”.

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