O dólar fechou em queda frente ao real nesta quarta-feira (29), ajustando-se após cinco sessões consecutivas de alta e depois que o Federal Reserve, banco central norte-americano, indicar que a possível alta dos juros ocorrerá neste ano na maior economia do mundo, sem grandes novidades.
A moeda norte-americana caiu 1,18%, a R$ 3,3293 na venda, após acumular avanço de 6,17% nas últimas cinco sessões. Na véspera, no intradia, a moeda chegou à máxima de R$ 3,4353 em 12 anos.
“O movimento hoje foi de correção. O mercado viu que talvez tenha subido muito deste a mudança das metas (fiscais) e, por isso, corrigiu hoje, com a ajuda do cenário externo mais tranquilo também”, resumiu o economista da Tendências Consultoria, Silvio Campos Neto.
À tarde, o Fed manteve a taxa de juros, conforme esperado, e informou que vê melhora da economia e do mercado de trabalho nos Estados Unidos, deixando a porta aberta para o momento de alta de juros.
“O Fed indicou a melhora da economia, mas não deu nenhum sinal claro de que vai subir juros já em setembro”, acrescentou Neto.
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Leia a matéria completaO avanço da bolsa chinesa nesta quarta-feira, após quedas fortes nas últimas sessões, também corroborou a tranquilidade nesta sessão.
Apesar do alívio, operadores ainda viam espaço para novas altas do dólar, refletindo o quadro doméstico de turbulências políticas e preocupações com a economia.
Selic
Essa aposta vem mesmo diante das expectativas de que o Banco Central eleve os juros básicos em mais 0,50 ponto porcentual na noite desta quarta, o que tende a aumentar a atratividade dos ativos brasileiros. A Selic está atualmente em 13,75%.
Preocupações com a situação fiscal do Brasil, após o governo cortar suas metas para este e os próximos dois anos, vêm alimentando temores de o país perder seu grau de investimento, corroboradas pela piora da perspectiva da nota brasileira pela Standard & Poor’s na véspera.
O JPMorgan aumentou nesta manhã suas projeções para o câmbio, passando a ver a moeda norte-americana a R$ 3,55 (R$ 3,25 antes) em dezembro de 2015 e R$ 3,70 (R$ 3,40 antes) em junho de 2016.
“Embora seja provável que o BC continue com o aperto monetário, acreditamos que o prêmio de risco continuará elevado nos próximos trimestres, ofuscando o maior diferencial de juros”, escreveram os analistas Diego Pereira e Cassiana Fernandez em nota a clientes.
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Leia a matéria completaSwaps
Investidores também aguardam sinalizações do BC sobre suas intervenções no câmbio por meio dos swaps cambiais, equivalentes a venda futura de dólares. Segundo operadores, se o BC sinalizar que pretende rolar cerca de 60% do lote para setembro, correspondente a US$ 10,027 bilhões, como deve fazer com os que vencem em agosto, o mercado entenderá que a autoridade monetária está confortável com o salto recente da moeda dos EUA.
Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total no leilão de rolagem de swaps cambiais de agosto. Com isso, já rolou o equivalente a US$ 5,977 bilhões, ou cerca de 56% do lote que vence no mês que vem, que corresponde a US$ 10,675 bilhões.
Câmbio de R$ 5 corrigiria competitividade entre EUA e Brasil, avalia Abimaq
Mesmo com a alta do dólar nos últimos meses, a indústria de transformação ainda não considera o nível atual do câmbio como de equilíbrio, disse na tarde desta quarta-feira (29), o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Carlos Pastoriza.
Segundo ele, o desequilíbrio se dá porque há uma “grande” e “histórica” distorção entre a inflação nos Estados Unidos e no Brasil. Pelos cálculos do executivo, somente com um dólar a R$ 5 seria suficiente para corrigir a diferença de competitividade entre Brasil e Estados Unidos.
Durante coletiva de imprensa para comentar os dados do setor do primeiro semestre, Pastoriza explicou que o cálculo do câmbio a R$ 5 tem como referência os anos de 2000 e 2001, quando o saldo comercial da indústria de transformação era “saudável”, em cerca de R$ 40 bilhões.
“Se você pegar daquela época para cá e descontar a inflação americana e brasileira nesses últimos 15 anos, o câmbio que deveria corrigir essa diferença para manter a competitividade vai chegar a R$ 5, que é o câmbio implícito do setor automotivo”, afirmou.
Com queda de 6,5% no faturamento total líquido no primeiro semestre de 2015 e eliminação de mais de 30 mil vagas no setor nos últimos 12 meses encerrados em junho, o presidente da Abimaq disse não conseguir ver uma luz no final do túnel da crise.
“Uma hora vamos tocar o chão e vamos começar a subir, mas, francamente, não conseguimos dizer quando isso vai começar”, afirmou. Na avaliação de Pastoriza, é “muito difícil” essa retomada acontecer durante o primeiro semestre do ano que vem.
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