O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet alertou hoje para os riscos de alta dos preços, em meio às contínuas pressões inflacionárias, embora tenha evitado dar qualquer indicação clara de que a instituição vai elevar as taxas de juros na reunião do próximo mês.
Em uma entrevista à imprensa depois da decisão do BCE de manter a taxa básica de juros em 1,25% ao ano, Trichet disse apenas que o banco vai "monitorar muito de perto" todos os acontecimentos relacionados aos preços. Observadores do BCE afirmam que Trichet geralmente sinaliza uma iminente alta nos juros quando fala em "forte vigilância" contra a inflação, o que não esteve presente hoje.
Em resposta às primeiras perguntas dos jornalistas, Trichet afirmou que o BCE nunca se compromete previamente em suas decisões sobre taxas de juros. A autoridade, no entanto, alertou para a sustentada pressão provocada pelos preços das commodities que conduzem a inflação para cima. Os preços das commodities subiram 11% em euros desde o começo deste ano e 31% desde outubro do ano passado, de acordo com uma pesquisa do instituto HWWI.
Os riscos para a perspectiva de médio prazo para os preços continuam sendo de alta. "Elas se relacionam, em particular, aos aumentos maiores que os previstos nos preços da energia", disse. Falando em termos mais gerais, Trichet observou que o crescimento econômico dos mercados emergentes, sustentado pela ampla liquidez em nível global, pode alimentar ainda mais a alta das commodities. "A liquidez permanece ampla e pode facilitar a acumulação de pressões inflacionárias", observou.
A autoridade também disse que o conselho de governo do banco central não discutiu mudanças em sua estrutura de liquidez na reunião que terminou hoje. O BCE vai continuar sua política de empréstimos ilimitados em suas operações de uma semana e três meses até junho. Segundo Trichet, as medidas especiais de liquidez serão ajustadas quando for adequado.



