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| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Tensão na Argentina, que elevou a taxa de juros para 60%, e o fortalecimento da moeda americana em razão da divulgação de dados econômicos fortes nos Estados Unidos levaram o dólar a fechar esta quinta-feira (30) em R$ 4,146, o maior valor desde de 21 de janeiro de 2016, quando bateu R$ 4,166. Ainda pela manhã, a moeda norte-americana chegou a R$ 4,21, mas Banco Central agiu e moeda recuou. A cautela em relação ao cenário eleitoral brasileiro também persistiu entre investidores. Nas casas de câmbio, o dólar turismo é encontrado acima de R$ 4,30 e o euro, acima de R$ 5.

O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas no Brasil, recuou 2,53%, para 76.404,09 pontos, também em linha com o viés de maior aversão a risco no exterior. Bolsas americanas e europeias operam no vermelho.

Com forte instabilidade, as negociações do Tesouro Direito chegaram a ser suspensas às 11h, mas foram normalizadas próximo ao meio-dia.

Pela manhã, o Departamento de Comércio dos EUA informou que os gastos do consumidor, que respondem por mais de dois terços da atividade do país, subiram 0,4% em julho, indicando forte crescimento econômico no início do terceiro trimestre.

Com a demanda em elevação, os preços deram continuidade à tendência de alta. O núcleo do índice PCE, que inclui os componentes voláteis de alimentos e energia, avançou 0,2% em julho, contra alta de 0,1% em junho.

Isso elevou o aumento na base anual para 2% -meta do Federal Reserve (banco central americano) para a inflação neste ano. Essa é a terceira vez que o indicador atinge a marca.

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O núcleo do PCE é a medida preferida do Fed para a inflação. Sinais de crescimento econômico e pressão inflacionária nos EUA elevam no mercado a expectativa de que a autoridade tenha que fazer um aperto monetário mais rápido.

Para este ano são previstas mais duas altas nos juros dos EUA, em setembro e dezembro. Taxas mais elevadas atraem para a maior economia do mundo fluxo de capital até então alocado em outros países, fortalecendo o dólar e impactando, sobretudo, emergentes.

Esse cenário foi agravado pela forte desvalorização do peso argentino, que recuou 13% em relação ao dólar após o presidente Mauricio Macri anunciar, ainda na quarta-feira (29), que estava pedindo um novo adiantamento ao FMI (Fundo Monetário Internacional).

Diante da forte depreciação da moeda, o banco central argentino anunciou mais um aumento nas taxas de juros, de 45% para 60%, pouco mais de duas semanas desde a última elevação, em 13 de agosto.

A autoridade monetária explicou, em comunicado, que adotou as medidas “em resposta à conjuntura cambial atual e ante o risco de que implique em um impacto maior sobre a inflação doméstica”.

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O governo Macri já tem um acordo com o FMI que estabelece uma linha de crédito stand by de US$ 50 bilhões, mediante o cumprimento de metas, principalmente a redução do déficit fiscal. A liberação desse dinheiro seria gradual e de acordo com o desempenho do país. Porém, diante a impossibilidade de atingi-las a contento, o governo pediu e obteve o adiantamento.

Diante desse cenário, o Banco Central anunciou no início da tarde um leilão adicional de 30 mil contratos de swap cambial (venda futura de dólares) no valor de US$ 1,5 bilhão. Após a ação, a moeda recuou 0,63% para os R$ 4,146.

Cenário eleitoral continua a pressionar cotação

Internamente, o cenário eleitoral exigiu cautela nos investidores. Analistas avaliavam que o desempenho de Geraldo Alckmin (PSDB), candidato preferido pelo mercado, em entrevista ao Jornal Nacional na noite passada não foi satisfatório.

“Geraldo Alckmin sofreu um bombardeio focado em corrupção nos primeiros 16 minutos de entrevista ao Jornal Nacional – nada bom ser tão vinculado ao tema que mais incomoda os brasileiros”, escreveu a XP Investimentos.

Dois eventos também estão na mira do mercado para esta sexta-feira (31): o início da campanha eleitoral na TV – e a expectativa de que, com 44% do tempo na disputa, Alckmin consiga avançar nas pesquisas –, além da possibilidade de julgamento pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) da participação de Lula (PT) na propaganda de rádio e televisão.

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