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A Bolívia anunciou na sexta-feira, um dia depois de acertar a recompra de duas refinarias da Petrobras, que o próximo passo de seu plano de nacionalização petrolífera será a recuperação de uma empresa de armazenamento e transporte controlada por alemães e peruanos.

As negociações para a recompra da Companhia Logística de Hidrocarbonetos da Bolívia (CLHB) começarão na próxima semana, "parar ir completando o controle sobre toda a cadeia hidrocarbonífera, como estabelece o decreto de nacionalização", disse o ministro de Hidrocarbonetos, Carlos Villegas.

A CLHB, controlada pela firma alemã OilTanking e a peruana Graña y Montero S.A., foi formada no fim da década passada com alguns ativos de armazenamento e transporte interno que eram da estatal YPFB, vendidas como parte de uma agressiva privatização da indústria petrolífera boliviana.

A companhia opera 19 terminais de armazenamento de produtos derivados de petróleo e seis polidutos com comprimento total de 1.500 quilômetros, segundo relatório da Câmara Boliviana de Hidrocarbonetos.

Villegas disse que o governo de Evo Morales continuará "passo a passo, mas firmemente" a nacionalização, e que depois de resolver a situação da CLHB abordará a recuperação de outras empresas que resultaram da privatização da YPFB, que são a Andina, a Chaco e a Transredes.

A Andina é uma filial da petroleira espanhola Repsol-YPF, a Chaco é controlada pela BP-Amoco, do grupo anglo-americano British Petroleum-Panamerican Energy, e a Transredes está em mãos da TR Holdings, uma sociedade entre a anglo-holandesa Royal Dutch Shell e a Prisma, sucessora da norte-americana Enron.

O ministro de Hidrocarbonetos confirmou que o governo boliviano buscará acordos para a compra total ou parcial das ações dessas empresas, para colocá-las sob controle da YPFB.

Refinarias

Villegas fez os anúncios em meio a uma quase unânime aprovação política e sindical por ter recuperado as refinarias das mãos da Petrobras.

A Bolívia e a Petrobras obtiveram na quinta-feira um acordo para a recompra dessas instalações, oito dias depois da entrada em vigor dos novos contratos de operação que submetem dez multinacionais à nacionalização decretada em maio de 2006.

A Petrobras é uma das empresas que firmaram esses contratos.

O ministro boliviano disse que está previsto que "no máximo em um mês" esteja assinado o contrato definitivo de recompra das refinarias, uma no Departamento de Santa Cruz (leste) e outra em Cochabamba (centro), por 112 milhões de dólares.

"No momento da assinatura a YPFB pagará 50 por cento, e um mês depois pagará o saldo, em dinheiro", disse Villegas, assegurando que a Bolívia pagará o que resultar das vendas de produtos excedentes das tais refinarias.

Esses excedentes, principalmente petróleo cru reconstituído e gasolinas brancas, produziam os maiores lucros para a Petrobras, avaliados em cerca de 70 milhões de dólares anuais pela diferença entre os preços regulados internos e os preços do mercado internacional, segundo ele.

Villegas anunciou que depois de tomar o controle das refinarias, a YPFB ampliará a capacidade de produção dessas instalações, atualmente de 40 mil barris diários, para reduzir o déficit de diesel no mercado interno.

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