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Bancos e comércio sustentam bons números da Receita

O setor financeiro e o comércio têm sustentado o crescimento da arrecadação federal no início deste ano. Os dados apresentados ontem pela Receita Federal mostram que as instituições financeiras pagaram no primeiro bimestre deste ano 46,61% a mais de tributos que no mesmo período de 2011. As empresas varejista e atacadista também lideram o ranking de maiores pagadoras de tributos nos dois primeiros meses de 2012. O desempenho do comércio reflete o aumento da massa salarial e do volume geral de vendas no país.

A queda sistemática da produção industrial fez com que a indústria de transformação perdesse importância na base de crescimento da arrecadação. Dos dez setores que mais pagaram tributos no primeiro bimestre, apenas os fabricantes de bebidas fazem parte da indústria de transformação. "O que se pode verificar é que há uma queda na produção industrial, mas o consumo não caiu", destacou a secretária-adjunta da Receita Federal, Zayta Manatta.

Os dados da arrecadação mostram que os bancos estão aproveitando a folga de caixa para anteciparem o pagamento de tributos e colocarem em dia tributos atrasados. No mês de março, as empresas são obrigadas a pagar o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) relativos ao ajuste anual de 2011. No entanto, as instituições financeiras anteciparam os pagamentos para os meses de janeiro e fevereiro para fugir da correção dos tributos pela taxa Selic. O movimento de antecipação de tributos é normal nos anos em que há aumento da lucratividade das empresas.

No primeiro bimestre, a Receita arrecadou R$ 5,5 bilhões com IRPF e CSLL relativos ao ajuste anual, 51,75% a mais que no mesmo período de 2011. Deste total, R$ 3,44 bilhões foram pagos por bancos, um incremento de 76,09% em relação ao montante recolhido pelo setor financeiro nos dois primeiros meses do ano passado.

Agência Estado

Inadimplência faz juro subir

A despeito da queda do juro básico desde agosto do ano passado e dos bons indicadores de emprego e renda, o crédito está cada vez mais caro. Segundo o Banco Central (BC), a inadimplência recorde no financiamento de veículos levou os bancos a adotar uma postura mais conservadora: aumentaram as margens nos empréstimos, o chamado spread, e por consequência as taxas de juros cobradas nessas operações.

Leia a matéria completa.

Tanto a arrecadação quanto o estoque de crédito subiram em fevereiro, segundo dados divulgados ontem. O recolhimento de tributos federais somou R$ 71,9 bilhões em fevereiro, alta de 5,91% em relação ao mesmo mês do ano passado, já descontada a inflação. Em relação a janeiro, houve queda de 30,22%, segundo a Receita Federal. No ano, o montante arrecadado soma R$ 174,9 bilhões – crescimento real de 5,99%.

Em fevereiro, houve queda de 2,03% no recolhimento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), tributo ligado à produção das indústrias. Por outro lado, a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) teve crescimento de 37,9%, puxado principalmente pelo aumento do pagamento por instituições financeiras (leia mais nesta página). As operações de crédito do sistema financeiro cresceram 0,4% em fevereiro e atingiram a cifra de R$ 2,03 bilhões, segundo o Banco Central. Em 12 meses, a expansão registrada foi de 17,3%.

Análise

O avanço da arrecadação no primeiro bimestre de 2012 é reflexo, sobretudo, da evolução do mercado de trabalho no país, puxado pelo setor de serviços. Já o setor de serviços tem sido beneficiado pela forte concessão de crédito, nos números do Banco Central. Essa é a opinião do economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, para quem os fracos resultados da indústria de janeiro a março indicam que o nível de atividade do país está frágil.O impulso da renda dos trabalhadores neste ano deve levar o varejo restrito a apresentar uma elevação de 10% ante 2011. O nível de emprego no país, que aumenta a formalização das empresas, e a manutenção do bom ritmo do consumo devem elevar a receita do governo em 12% nominais neste ano em relação ao ano passado.

No entanto, para Vale, um contraponto a esse parcial quadro favorável da economia é o fraco desempenho da produção industrial, que caiu 3,4% em janeiro ante o mesmo mês do ano passado. Ele estima que em fevereiro esse indicador deve apresentar uma retração de 7,7% ante mês semelhante do ano passado, enquanto para março ele acredita que deva ser registrada uma queda de 4% em relação a março de 2011.

Vale ainda prevê alta do PIB de apenas 0,5% no primeiro trimestre, na margem. "Estamos com uma estimativa de PIB de alta de 3,5% neste ano. Mas, devido ao desempenho abaixo do esperado da economia nestes três primeiros três meses do ano, nossa previsão para o Produto Interno Bruto em 2012 será revista e deve ficar próxima de 3%", comentou.

Sergio Vale projeta que a atividade do setor manufatureiro deve cair 5% no primeiro trimestre ante os mesmos três meses do ano passado. Esse resultado negativo tende a fazer com que o PIB do país de janeiro a março fique nulo ante o mesmo período de 2011. "A produção industrial deve crescer somente 1,7% em 2012, mesmo depois de ter ficado estagnada e ter apresentado um avanço de apenas 0,3% em 2011", destacou.

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