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O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, sinalizou nesta terça (25) que a taxa básica de juros terá novos aumentos neste ano, porém, de “menor magnitude”. A avaliação está na ata da reunião da semana passada que elevou a Selic de 13,25% para 14,25%, uma das maiores dos últimos anos.
Segundo o comitê, o tamanho do aperto monetário vai depender do avanço da economia para levar a inflação de volta ao centro da meta, de 3,5%. Para este ano, segundo o Relatório Focus desta semana, a expectativa é de um IPCA de 5,65%.
“Para além da próxima reunião, o comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, diz trecho da ata (veja na íntegra).
Há a expectativa de que a Selic chegará a 15% neste ano, com aumentos gradativos nas próximas reuniões do Copom previstas para julho e setembro. Uma queda dos juros é esperada apenas a partir de 2026.
“Em função do cenário adverso para a dinâmica da inflação, era apropriado indicar que o ciclo não está encerrado”, aponta a ata afirmando que “em função das defasagens inerentes ao ciclo monetário em curso, o Comitê também julgou apropriado comunicar que o próximo movimento seria de menor magnitude”. “Além disso, diante da elevada incerteza, optou-se por indicar apenas a direção do próximo movimento”, completou.
Ainda na ata, e diferentemente do que indicou o Relatório Focus desta semana, o Copom estima que a inflação do ano será de 5,1% e chegará a 3,9% em 12 meses no terceiro trimestre de 2026.
Os diretores do Banco Central que fazem parte do comitê ainda reforçaram a necessidade de responsabilidade fiscal do governo como uma “necessidade de políticas fiscal e monetária harmoniosas”.
“O Comitê reforçou a visão de que o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade”, completou.
A decisão do Copom de manter a Selic em alta impacta diretamente no custo do crédito e na capacidade de financiamento das empresas. Para Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital, haverá uma retração na demanda por crédito produtivo, especialmente entre pequenas e médias empresas, que enfrentam dificuldades para acessar capital a taxas viáveis.
“Esse cenário tende a desacelerar investimentos, inibir a geração de empregos e afetar o crescimento econômico no médio prazo”, disse.
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Projeção semelhante à do economista Theo Braga, CEO da SME. De acordo com ele, o crédito mais caro “reduz a margem para investimentos e pode impactar o capital de giro, tornando essencial um planejamento mais rigoroso”.
“Empresas que dependem de financiamento para expansão devem buscar alternativas, como a diversificação das fontes de crédito, renegociação com fornecedores e otimização do fluxo de caixa”, completou.








