
Rio de Janeiro O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão do Ministério do Planejamento, não prevê crescimento do PIB de 5% ao ano antes da próxima década. O cenário traçado pelo Ipea para os próximos quatro anos é de uma expansão média anual do PIB de 4,2%, com pico de 4,8% em 2010.
"É um cenário que fica aquém do cenário do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), mas que é de melhora progressiva" afirmou o coordenador do Grupo de Acompanhamento Conjuntural do Ipea, Fábio Giambiagi. Ele destaca que se o crescimento suposto pelo Ipea para a economia brasileira nos próximos quatro anos se verificar, ao final da década o Brasil estará em condições muito favoráveis: com dívida pública em torno de 40% do PIB; dívida externa total não só do governo menor que o nível das reservas internacionais; uma taxa de investimento da ordem de 24% do PIB; inflação estável e juros reais se aproximando de 6% ao ano ou já nesse patamar. "Se isso acontecer o cenário para a próxima década será espetacular", disse.
"É perfeitamente razoável ter, já em 2009, uma dívida externa bruta de US$ 140 bilhões a US$ 160 bilhões e reservas também nesse patamar", afirmou. "Quando tivermos isso teremos um país que até o governo não consegue vislumbrar porque será um país completamente diferente do que foi no passado."
Em relação à questão fiscal, Giambiagi observou que, em que pese não se ter uma grande reforma em vista, há possibilidades de melhora. Ele destacou a proposta de limitar o crescimento da despesa do governo com pessoal a 1,5% ao ano. "Acho que esta regra de despesas de pessoal pode ser um ponto de inflexão, com o aconteceu com a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)", disse, lembrando que a LRF era vista com ceticismo quando foi publicada, mas depois tornou-se um marco.
As previsões do Ipea no boletim de conjuntura divulgado ontem não consideram a mudança de metodologia no PIB e nem as recentes turbulências no mercado financeiro internacional. Para este ano, a previsão para o aumento do PIB é de 3,7%, mas o Ipea não descarta aumentar essa projeção "para um número mais próximo de 4%" após a divulgação, no fim deste mês, dos dados do PIB dos anos passados com a nova metodologia.



