
Ao chamar de "caótico" o atendimento ao público, a nova secretária da Receita Federal do Brasil, Lina Maria Vieira, expôs apenas um ponto de tensão interna no órgão. Com 28 mil servidores, 573 unidades em todo o país, a Receita vive hoje um momento de intranqüilidade que ganhou visibilidade com a troca de comando, no fim de julho.
A criação da Super-Receita, que unificou a Receita Federal com a Secretaria de Receita Previdenciária, criou uma crise de identidade que, um ano depois da fusão, ainda não foi resolvida. Um dos problemas é que os servidores não se sentem funcionários da mesma empresa.
Além da insatisfação dos servidores que vieram da Previdência Social motivo que agravou o atendimento aos contribuintes , os auditores fiscais ameaçam retomar a greve em retaliação ao descumprimento do acordo salarial fechado com o governo no fim de junho. A categoria, que ficou em greve mais de 50 dias este ano, argumenta que o governo até agora não cumpriu a promessa de editar uma medida provisória (MP) com o reajuste salarial e um plano de reestruturação e promoção da carreira. O corte no ponto dos dias parados é outro foco de tensão.
"Se o problema não se resolver, podemos voltar com a greve", disse o presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco), Pedro Delarue. Segundo ele, os auditores vão realizar protesto com paralisações em todo o país.
A crítica da secretária não surpreendeu os auditores. A declaração foi feita em um seminário interno da Receita na tentativa de aliviar o estresse nas relações entre os funcionários dos dois órgãos e a insatisfação com a forma como ex-secretário Jorge Rachid conduzia o processo.



