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Junior Durski, fundador do Madero | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Junior Durski, fundador do Madero| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

O grupo Madero agora é sócio de um dos maiores fundos de private equity do mundo. A rede de restaurantes confirmou, nesta sexta-feira (25), a venda de uma fatia minoritária para o Carlyle Group. Com a transação, o grupo — avaliado em R$ 3 bilhões — liquida dívidas, mantém o ritmo de investimentos e se prepara para abrir capital com um IPO no ano que vem (2020).

O Carlyle pagou R$ 700 milhões para adquirir 23,3% do grupo Madero. A rede, criada pelo chef curitibano Junior Durski, congrega quatro marcas de restaurantes, além de uma fábrica em Ponta Grossa, no interior do Paraná.

Boa parte deste valor será utilizada para liquidar a dívida, atualmente em R$ 520 mil, com a HSI. A empresa adquiriu debêntures do grupo em 2015. “Agora somos uma empresa sem dívida, com dinheiro em caixa, e eu não preciso mais gastar tempo com banco. O meu tempo é com o meu time”, comemorou Durski, em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo. O restante do dinheiro vai para o caixa da empresa, para expansão. 

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Em nota, a Carlyle destacou o Madero como “a maior rede de restaurantes de casual dining e fast-casual do Brasil” e destacou os planos de transformar o Madero em uma das redes de restaurantes mais proeminentes do Brasil.

“O Madero construiu uma marca e um modelo de negócios diferenciado, utilizando tecnologia voltada para o consumidor e alavancando sua operação de ponta para servir milhões de clientes satisfeitos em todo o Brasil”, declarou, oficialmente, o head global de Consumo e Varejo da Carlyle, Jay Sammons.

No Brasil, o Carlyle já investiu em empresas como a Tok&Stok, Ri Happy e CVC. Além de ter experiências, ao redor do mundo, similares à do Madero, como a da Gastronomía & Negocios S.A. (maior franqueadora de fast-food no Chile) e a Alamar Foods (franqueada da Wendy’s e da Domino’s Pizza no Oriente Médio).

Melhorias

Junior Durski e Jay Sammons, da CarlyleDivulgação

O investimento previsto na fábrica, para este ano, é de R$ 180 milhões. A principal aquisição deve ser uma nova máquina para fabricação de pães, com foco em controle de qualidade.

Hoje os restaurantes do grupo recebem um pão com um padrão único de receita e crocância. Mas há variações na aparência, já que parte do processo é artesanal, algo que deve ser eliminado com a nova máquina. Com a capacidade para produção ampliada, os restaurantes Madero devem voltar a vender mini hambúrgueres no mês de julho.

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No ano passado, o grupo inaugurou uma nova estrutura para produção de molhos e sobremesas. O maquinário foi pensado para manter características artesanais na produção, segundo a empresa.

Novos restaurantes

O grupo pretende inaugurar 52 novos restaurantes em 2019. O maior foco é na área de hambúrgueres. São 24 unidades da marca Madero, sendo metade Steak House (em shoppings) e a outra no modelo contêiner. E outros 24 do Jerônimo, marca voltada para o público millenial que trabalha com o conceito de “smashed burgers” — 13 em shopping e 11 em contêiner.

O grupo também pretende abrir um Dundee Burger e três lojas d’A Sanduicheria do Junior Durski. São marcas novas, lançadas no ano passado (2018), que ainda estão em período de validação dentro da empresa.

Uma quinta marca, a Vó Maria, irá encerrar suas operações. A pesar de vender somente um prato, o filé à parmegiana, o restaurante acabou se provando cara demais, segundo Durski. A operação acabou se mostrando complexa demais para ser replicada com baixo custo, rapidez e garantindo o controle de qualidade.

Números

O Madero faturou R$ 812 milhões no ano passado (2018), de acordo com balanço preliminar. Crescimento de 56% em relação ao ano anterior (2017), quando o grupo fechou em R$ 520 milhões.

Durski sabe que o ritmo de crescimento, considerado de startup, será difícil de manter conforme o grupo cresce e ganha envergadura. Mas quer manter a média de 50% para os próximos dois anos, pelo menos.

A previsão é fechar 2019 com um faturamento de R$ 1,25 bilhão. O que deve ser relativamente fácil de atingir, graças ao investimento aplicado pela Carlyle. Para 2020 o desafio é um pouco maior. O IPO pode ajudar, mas a abertura de capital em Bolsa é sempre uma tarefa desafiadora.

Somados restaurantes, fábrica e administrativo, o Madero emprega atualmente 5,1 mil pessoas. A previsão é terminar o ano com 8 mil. Também este ano, o escritório central, em Curitiba, deve ganhar nova sede.

Abertura de capital

Um próximo passo do Madero deve ser a abertura do capital em Bolsa, que deve integrar o grupo todo, restaurantes, fábrica e administrativo. A oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) está prevista para o ano que vem (2020).

A abertura deve ocorrer na Bolsa de valores brasileira, a B3. Durski, que no ano passado encerrou sua expansão nacional, com o fechamento do restaurante de Miami (EUA), diz querer valorizar o Brasil. “Queremos acreditar no Brasil, então por que vamos abrir capital em Nova York em detrimento de São Paulo?”

A sociedade com a Carlyle deve facilitar o processo, avalia Durski. Tanto pelo know how do fundo em empresas de capital aberto, quanto pela grife de ter um sócio desta envergadura.

“Quando formos abrir capital, no ano que vem, além do Madero nós temos um sócio que chama Carlyle, que é o maior fundo do mundo. Além de ser o mais exigente em compliance, que não aceita nada fora da regra”.

O processo de diligência do fundo para entrar na sociedade foi “rigorosíssimo”, segundo Durski, com a participação de mais de 180 pessoas. Por sugestão da Carlyle, o Madero passa a ter uma diretoria de Compliance.

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