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Manifestação

Bancários protestam em Curitiba contra projeto de terceirização

Mobilização não afeta funcionamento dos bancos. Aprovação da proposta, segundo trabalhadores, pode prejudicar conquistas da classe

Representantes das entidades chegam em frente às agências, onde fazem crítica ao projeto de lei | Antônio More / Agência de Notícias Gazeta do Povo
Representantes das entidades chegam em frente às agências, onde fazem crítica ao projeto de lei (Foto: Antônio More / Agência de Notícias Gazeta do Povo)

Bancários ligados ao sindicato da categoria em Curitiba e região metropolitana protestaram nesta quinta-feira (4) contra o Projeto de Lei 4330, que regulamenta a terceirização dos empregados em empresas privadas e órgãos públicos. Mesmo com a mobilização, as agências funcionam normalmente neste dia, informou o sindicato.

Por volta das 10h30, os dirigentes sindicais iniciaram uma mobilização em frente ao Palácio Avenida, no centro. O grupo estava reunido no local com faixas que continham frases contra a proposta. Uma banda musical para chamar a atenção do público foi contratada.

Por volta das 11 horas, o grupo iniciou uma caminhada em direção às principais agências bancárias do centro da capital. A intenção era percorrer entre 12 e 15 estabelecimentos, localizados nas ruas XV de Novembro, Monsenhor Celso e Avenida Marechal Deodoro, entre outras.

Segundo a assessoria de imprensa do sindicato, os representantes das entidades chegavam em frente às agências, onde falavam sobre o projeto. Alguns dirigentes entravam nos estabelecimentos para entregar os panfletos, mas não houve interrupção nos atendimentos. Ao longo das caminhadas, a entidade também distribuiu panfletos, explicando no que consiste o projeto, que tramita na Câmara dos Deputados desde 2004 e voltará à pauta da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC) da Casa no próximo dia 10. A mobilização foi finalizada por volta das 13 horas. Conforme sindicato, a aprovação da proposta pode prejudicar a classe de bancários, já que o processo de terceirização de funcionários seria simplificado e, por isso, mais difundido.

Comissão vai discutir o projeto

Nesta quarta-feira (3), o ministro do Trabalho, Manoel Dias, após reunião com representantes dos trabalhadores, empresários, governo e do Parlamento, anunciou que uma comissão deverá discutir o Projeto de Lei que trata da terceirização de mão de obra.

A comissão, composta por três representantes de cada segmento, será instalada na próxima sexta-feira (5) na Secretaria-Geral da Presidência da República. "O que há hoje é a determinação de que nós vamos buscar o entendimento. Ainda não foram colocadas todas as questões que hoje são divergentes, mas na sexta-feira já se iniciarão as propostas dos trabalhadores e empregadores para que sejam discutidas e avaliadas a fim de buscar um entendimento entre as partes", completou Dias.

O ministro do Trabalho esclareceu ainda que o objetivo é chegar a um entendimento até terça-feira (9), um dia antes da votação do projeto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, marcado para quarta-feira (10). O projeto relatado pelo deputado Arthur Maia altera a legislação trabalhista possibilitando que as empresas também terceirizem a mão de obra para as atividades consideradas como fim, que são as que constituem o objetivo para o qual a empresa foi criada. A legislação atual proíbe este tipo de prática, só admitida em situações específicas e justificadas, de forma não continuada e quando não podem ser atendidas por profissionais do próprio quadro da empresa.

Segundo o projeto, para ser considerada fornecedora de mão de obra terceirizada, a empresa deverá ter um objeto social único e oferecer mão de obra responsabilizada no ramo em que atua. O texto também modifica a relação de solidariedade entre os terceirizados e a contratante. Atualmente se a empresa contratada não cumprir com as obrigações trabalhistas, esta responsabilidade deve ser assumida pela contratante. Maia propôs uma regra de transição na qual a responsabilidade deixa de ser solidária e passa a ser subsidiária.

Contrariedade

Os dois pontos constituem as principais divergências entre trabalhadores e empresários, que têm visões contrárias sobre o assunto. Para os representantes das centrais sindicais, a aprovação do projeto poderia aumentar a precarização das relações de trabalho. "Sair do conceito de atividade-meio e atividade-fim e avançar no conceito de especialização é bastante polêmico no meio sindical. Não estamos nos negando a fazer este debate, mas por hora, nossa posição ainda é continuar na posição de delimitar o que pode ser terceirizado ou não, e a especialização tira essa delimitação", disse o secretário-geral da Força Sindical. Sergio Luiz Leite. "Se hoje temos 12 milhões de [trabalhadores] terceirizados, com a abertura total nos podemos ter 44 milhões, ou seja, todos poderão ser terceirizados", completou.

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