O Banco Safra se comprometeu ontem a rever a cobrança de mensalidade enviada a alunos que já quitaram os pagamentos com o Centro Universitário Campos de Andrade (Uniandrade). Cerca de 800 estudantes receberam este mês boletos do banco, mas apenas uma parte deles cujo número está sendo apurado ainda tem mensalidades a pagar. Para estes, segundo os advogados do banco, a cobrança válida é a do Safra, embora a direção da Uniandrade discorde. Em agosto, o Banco Industrial do Brasil também cobrou pagamento duplicado dos alunos e a justiça decidiu que a quitação deveria ser feita na tesouraria do centro universitário.
A assessoria de imprensa do banco Safra informa que a emissão dos boletos só foi feita depois que a Justiça lhe concedeu liminar autorizando a penhora das mensalidades em garantia de uma dívida de R$ 3 milhões que a instituição teria contraído em maio. A Uniandrade teria pago apenas a primeira de 12 parcelas, levando o banco a requisitar os nomes dos alunos dos cursos de Enfermagem e Direito.
Porém, entre eles estão alunos que já quitaram os pagamentos, outros que não pagam a faculdade por serem beneficiados pelo Programa de Financiamento Estudantil (Fies) e até mesmo alunos que trancaram o curso. De acordo com um grupo de estudantes representados pela advogada Sílvia Fernanda da Silva, alguns já tiveram o nome enviado para entidades de proteção ao crédito, e todos teriam recebido em casa carta de cobrança do banco junto com cópia da liminar judicial. "Quem não pagar poderá ter o nome enviado à Serasa", alerta a advogada.
Os depósitos irão para uma conta judicial até que o caso seja julgado em definitivo. "Por enquanto, vale a decisão liminar da 11.ª Vara Cível de Curitiba, que permite a emissão de boletos pelo Safra a partir de outubro", diz Sílvia. O documento determina que seja respeitado o contrato da Uniandrade com os alunos, que inclui, por exemplo, o desconto de 20% para pagamento antecipado.
"A faculdade continua dizendo para pagarmos as mensalidades na tesouraria e atribui erro ao banco. Não nos avisou sobre nada", reclama a aluna de Enfermagem Juliana Cordeiro.
Em nota, o Banco Safra recrimina a Uniandrade por ter orientado seus alunos a pagar as mensalidades escolares diretamente à sua tesouraria. Por meio de sua assessoria de imprensa, a Uniandrade acusa o Safra de quebra de sigilo bancário. Sobre a crise que enfrenta e as acusações referentes à cobrança, a instituição não faz comentários.
A crise atinge também os professores, que de acordo com o Sindicato dos Professores do Ensino Superior estão com três meses de salários em atraso. Por conta disso, um grupo de 100 profissionais decidiu nesta semana entrar em greve a partir das 19 h de sexta-feira. Sobre isso, a Uniandrade informou que "alguns professores foram pagos".



