As maiores fintechs, que já oferecem um leque de serviços comparável ao dos bancões ou já tem até mesmo autorização para atuar como tal, estão prestes a superar a primeira dezena de milhão de clientes no Brasil. O Nubank fechou 2018 com quase 6 milhões de clientes e está em franco crescimento neste ano, acompanhado de concorrentes que também falam em milhões de usuários – o Neon terminou o ano passado com 1,6 milhão de clientes, enquanto Inter, Original e Next querem fechar 2019 com mais de 4 milhões, 2,5 milhões e 1,5 milhão de usuários, respectivamente. Apesar disso, essas empresas ou dão prejuízo ou ainda estão longe do seu potencial de monetização, sustentadas por grandes parceiros e investidores.
O Nubank, por exemplo, amargou um prejuízo líquido de R$ 100 milhões no ano passado, segundo informações divulgadas em março deste ano, embora tenha dobrado suas receitas. Os próximos cinco a dez anos, dizem especialistas e executivos, será de consolidação para o setor e a missão dos bancos digitais, conquistar mais clientes e fidelizá-los para passar a lucrar (e muito).
Em tempos de discussão para a regulamentação de um novo sistema bancário aberto no Brasil, os bancos correm para tirar o máximo proveito do monopólio de dados que ainda possuem para não desgrudarem de seus clientes, de olho em aspectos como facilidade de uso e segurança nas transações digitais. No primeiro aspecto, as fintechs parecem já ter caído no gosto dos brasileiros, a ponto, inclusive, de forçarem os bancões a buscarem mais fluidez em seus canais de atendimento. Não à toa, a pesquisa da Forbes com a Statista sobre os melhores bancos em 23 países, segundo a satisfação dos clientes, coloca Nubank, Inter e Neon nos três primeiros lugares no Brasil.
No segundo aspecto, o da segurança, porém, as fintechs têm um degrau a mais para galgar do que os bancos na percepção dos clientes. Segundo um estudo da EY sobre o potencial de adoção do open banking em 13 países, apresentada na semana passada no CIAB Febraban 2019, apenas 12% dos consumidores brasileiros têm os bancos digitais como primeira opção para confiar seus dados financeiros. Quando usado o termo "fintech", essa proporção cai para 6%. Enquanto isso, os bancos ditos tradicionais são a primeira opção de 63% dos consumidores brasileiros.
Foco na experiência do usuário e na oferta de serviços além do financeiro
Quando perguntados sobre suas estratégias para essa fase de consolidação que se inicia, durante o CIAB Febraban 2019, os executivos de alguns dos principais bancos digitais do país frisaram que o foco no cliente é o principal – resposta que pode parecer um pouco enfadonha, já que o objetivo de qualquer negócio, há tempos, é esse.
Todos veem no open banking e nos parceiros de diferentes setores, para oferecer serviços aos clientes que vão além do financeiro, um caminho em comum. Mas quando explicam como pretendem fazer isso, é possível ver que há, sim, estratégias diferentes em curso.
“Você primeiro atrai o consumidor com a sua proposta de valor. Ao atrai-lo, você tem que reter esse cliente principalmente por meio da entregas básicas. O primeiro ponto que eles esperam é que os bancos digitais entreguem o básico de forma fluída, simples. Em segundo lugar é que vem a complementariedade, dos diferenciais que você agrega. Aí é que você começa a ter o processo de monetização desse cliente", explicou o diretor do banco Next, fintech do Bradesco, Jeferson Honorato.
“Um dos maiores investimentos que fizemos foi numa plataforma de algoritmos para procurar fazer a oferta individualizada para o cliente. Hoje 76% já são feitos por IA, usamos a plataforma da BIA do Bradesco. É um processo, um ciclo evolutivo. O Next está há um ano em operação, com mais de 40 versões já implementadas", complementa ele, que lembra também do hub de inovação do Bradesco, o Habitat Inovabra, como decisivo para a busca das melhores experiências para o usuário. "Temos 180 startups cohabitando com a gente. Pelo menos 15 soluções que nasceram delas foram implementadas no Next."
No caso do Original, parte das estratégias segue o mesmo curso: cumprir o slogan de banco completo e continuar a buscar competitividade em termos de custo e funcionalidade, além de novos parceiros. "Já temos mais de 300 parceiros. Isso faz com que a gente fique inserido na rotina do cliente e com que ele naturalmente use nossos serviços financeiros. A nossa grande ambição é ser o ícone de primeira tela do smartphone do cliente", contou Raul Moreira, diretor executivo de TI, Produtos e Operações do Banco Original. Ainda em abril, ele revelou à Gazeta do Povo que a meta do Original é ter 10 milhões de clientes em três anos.
"Outra frente é o contato humano. Pode haver perfeita sintonia entre banco digital e humanização. Pensando nisso, o Original pretende chegar a 1 mil agentes digitais (já temos clientes mais de 5,3 mil municípios brasileiros), que vão conversar com nossos clientes sobre suas necessidades", disse Moreira.
Ray Chalub, diretor de conta digital e meios de pagamento do Banco Inter, também disse que a fidelização dos clientes vem a partir da entrega efetiva do básico, mas também de bons produtos que vão além do financeiro. "Nossos 25 mil a 30 mil acessos/dia terão não só um serviço financeiro simples, mas também terão na recorrência desse acesso a oferta de operações e benefícios não financeiros”. O Inter tem como meta ser o sexto maior banco de varejo do país, em disputa direta com o BTG Pactual, que também anunciou esse desejo no último mês de maio, ao anunciar um novo braço de varejo a ser comandado pelo fundador da GVT e ex-presidente da Vivo e da TIM, Amos Genish. Na última quarta-feira (19), o Inter anunciou R$ 2 bilhões em crédito imobiliário para clientes da sua conta digital, base que alcançou 2,2 milhões de usuários no início de maio.
Eleições municipais cumprem etapa do plano da direita para comandar o Senado em 2027
Malafaia critica apoiadores de Pablo Marçal e reata com Bolsonaro; assista ao Entrelinhas
Governo veta compra de Israel para não ajudar na guerra, mas eleva em 75% importação da Rússia
Propaganda eleitoral volta a ser exibida: confira o calendário eleitoral para o 2º turno
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast
Deixe sua opinião