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Bancos

BB muda de comando para ter crédito mais agressivo

Antonio Lima Neto deixa o lugar para Aldemir Bendine, que assume com a missão de reduzir juros e spread bancário. Demissão é cercada de polêmica sobre os reais motivos que a causaram

Mantega, ao centro, com o novo presidente, Aldemir Bendine (à esquerda), e  Lima Neto: governo nega ingerência na instituição | Evaristo Sá/AFP
Mantega, ao centro, com o novo presidente, Aldemir Bendine (à esquerda), e Lima Neto: governo nega ingerência na instituição (Foto: Evaristo Sá/AFP)
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    Brasília - O governo confirmou ontem que Antonio Francisco Lima Neto deixará a presidência do Banco do Brasil, mas tanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como o ministro da Fazenda, Guido Mantega, negaram que a saída do executivo tenha sido motivada pela cobrança insistente do governo pela redução dos juros e do spread cobrados pelos bancos públicos. No mercado, a notícia fez as ações do banco caírem e operadores criticaram a ingerência política na instituição. A ação ordinária do BB desabou 8,15%. No Congresso, a oposição quer convocar Mantega e Lima Neto para dar explicações sobre possíveis irregularidades em negócios fechados pelo banco na gestão do presidente demissionário. Mantega rebateu ambas as acusações.

    Lima Neto, segundo Mantega, havia pedido para deixar o cargo "havia semanas" e será substituído pelo vice-presidente de Cartões e Novos Negócios de Varejo da instituição, Aldemir Bendine, com a missão de implementar uma política mais agressiva de aumento do crédito e ampliação da concorrência entre os bancos brasileiros. Segundo o ministro, o novo presidente também deve colocar o BB de volta na liderança do setor, que foi perdida após a fusão do Itaú com o Unibanco.

    De manhã, o presidente Lula negou que o presidente do BB deixou o cargo por causa dos spreads. "Eu não trabalho diretamente com essas coisas. Eu soube que ele teria dito que gostaria de sair", disse Lula. Diante das insistências de jornalistas em questionar se a dificuldade do banco em reduzir spreads teria motivado a saída de Lima Neto, Lula respondeu: "a redução do spread bancário neste momento é uma obsessão minha." Spread é a diferença entre o custo pago pelo banco para captar recursos e o juro que ele cobra dos clientes. Segundo o ministro, a concorrência entre os bancos nacionais é incipiente e insatisfatória, motivos pelo quais o spread bancário é elevado.

    "Ingerência do bem"

    Mantega afirmou que não se pode falar em "ingerência política" no BB. Ele lembrou que a União é a maior acionista da instituição. "Se o presidente pede demissão, temos que substituí-lo", afirmou.

    Segundo Mantega, os critérios utilizados para escolher o novo presidente foram os mesmos usados para a escolha do demissionário: suas aptidões. "Se houve ingerência política, foi para o bem. O Banco do Brasil teve a maior lucratividade no ano passado, expandiu o crédito e tem uma carteira robusta."

    Ele reforçou que a saída de Lima Neto encerra um ciclo de expansão do BB e que caberá a Bendine fazer do banco uma instituição mais forte e com presença mais marcante.

    Mantega anunciou que nos próximos dias será fechado um contrato de gestão pelo qual serão estabelecidas metas a serem cumpridas pelo BB. "O BB vai disputar market share e, para isso, tem que continuar reduzindo os juros", explicou.

    Fórmula

    Para Bendine, a queda do spread nas operações do banco será possível com o aumento do volume de concessão de crédito. "Temos uma economia cada vez mais sólida, e vamos combater – é lógico, do ponto de vista da rentabilidade – o spread com o aumento do volume (de operações),"

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